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Promovido a manager no Cruzeiro, Wanderley Luxemburgo expurga seus problemas e conduz uma máquina de vitórias e de fazer dinheiro
Um homem de negócios
ALEC DUARTE
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
Era tudo o que Wanderley Luxemburgo sonhava. Vinte anos
depois de estrear como treinador
de futebol, hoje ele possui a chave
do cofre de um clubes mais poderosos -financeiramente e dentro
do campo- do Brasil.
"No Cruzeiro, o Zezé [Perrella,
superintendente de futebol] e o
Alvimar [Perrella, presidente]
acreditaram no meu potencial para contratar, observar e investir
em jogadores", diz o treinador.
No clube mineiro, ao qual chegou em agosto de 2002, Luxemburgo foi enfim alçado à condição
de manager. É ele quem determina como o dinheiro deve ser gasto
no departamento de futebol.
Só agora, depois de duas experiências malsucedidas (no Corinthians, em 2001, e no Palmeiras,
no ano seguinte), o treinador reconhece que está desempenhando plenamente a função.
"Aqui [no Cruzeiro] tem toda
uma estrutura. No Corinthians,
eu iria funcionar como um diretor de futebol e comandar a parte
técnica no amador e no profissional. Só que, no amador, eu nunca
consegui entrar", diz, insinuando
que seu trabalho foi sabotado.
A combinação de profissional
de futebol e homem de negócios
deu tão certo que o contrato de
Luxemburgo, que vencia em dezembro, foi prorrogado por mais
12 meses. Os motivos são evidentes. O Cruzeiro, que lidera com
folga o primeiro Brasileiro de
pontos corridos, também se
transformou, subitamente, numa
máquina de fazer dinheiro.
Levantamento da Teixeira e Advogados Associados, empresa de
consultoria de Belo Horizonte,
mostra que o clube já faturou, em
2003, mais do que 99% das 650
mil empresas mineiras.
Desde que assumiu o clube mineiro, Luxemburgo já negociou
entrada e saída de 30 jogadores.
Pelas suas mãos chegou a maioria dos atletas que fizeram do Cruzeiro a melhor equipe do Nacional. As indicações custaram, ao
todo, R$ 4 milhões.
Estrelas, como o meia Alex, e
atletas menos badalados, como o
zagueiro Edu Dracena, o lateral
Maurinho e os atacantes Deivid e
Aristizábal, foram escolhidos a
dedo pelo técnico-gerente.
Antes mesmo do final do torneio, o clube praticamente recuperou em dobro o investimento:
só as vendas do zagueiro Luisão
(cedido ao Benfica) e do atacante
Deivid (negociado com o Bordeaux) deixaram nos cofres cruzeirenses quase R$ 7 milhões.
"O Wanderley, nesse aspecto, é
sensacional. Ele só pediu uma estrela, o Alex. Os outros, acreditou
no potencial e nós contratamos. A
margem de erro dele é muito pequena", diz Zezé Perrella, por
meio de sua assessoria.
Mas a extensão do poder de Luxemburgo vai além da montagem
da equipe e da definição do orçamento de seu departamento.
Ele chega a dar palpites em setores distantes do campo, como
marketing. "Não dá para desprezar a experiência dele. Conversamos várias vezes, e ele sempre traz
boas idéias", afirma Alessandro
Marques, diretor-adjunto da área.
O sucesso na vida profissional
representa, ainda, uma notável
guinada para quem, em 2000, esteve no olho de um furacão.
Demitido da seleção, Luxemburgo ainda enfrentou acusações
de recebimento de comissão por
compra e venda de atletas e processo por falsidade ideológica (alterou documentos para jogar).
Foi condenado por sonegação
fiscal. Tentou negociar pessoalmente a dívida com o então secretário da Receita, Everardo Maciel.
O diálogo não lhe foi nada animador. "Pagando, tá bom", ouviu.
Luxemburgo escutou o conselho e parcelou seu débito, calculado em R$ 1,3 milhão. Limpar o
nome ainda é seu maior negócio.
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