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Candidatura prevê gastar dez vezes o orçamento de Madri e quase cinco vezes o de Nova York
Olimpíada em São Paulo é a mais cara de todas
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
O projeto de São Paulo para
abrigar os Jogos de 2012 contrasta
com os das demais cidades em pelo menos um ponto: é, de longe, o
mais caro de todas as que se lançaram candidatas -ou pré-candidatas- a receber o evento.
Ao entregar o dossiê ao Comitê
Olímpico Brasileiro, na última segunda-feira, a Prefeitura de São
Paulo revelou que havia orçado os
Jogos em US$ 12,4 bilhões. É o valor que teria de ser investido para
preparar a capital paulista para
receber a Olimpíada.
Madri, que venceu Sevilha para
ver qual das duas representaria a
Espanha na disputa pela sede dos
Jogos de 2012, estimou os gastos
em US$ 1,27 bilhão, pouco mais
de 10% do valor dos paulistas.
De acordo com os espanhóis,
cerca de US$ 960 milhões seriam
investidos diretamente na infra-estrutura olímpica -construção
e reforma de estádios e ginásios,
das vilas olímpica, de mídia e de
árbitros e aquisição de equipamentos esportivos-, enquanto
US$ 310 milhões seriam utilizados
para a melhoria da cidade.
E a diferença com o projeto dos
paulistas é justamente essa. Com
os Jogos em si seriam gastos US$
2,4 bilhões, mas, para preparar a
cidade para recebê-los, seriam necessários nada mais nada menos
do que US$ 10 bilhões. Eles serviriam para despoluir os rios Tietê,
Tamanduateí e Pinheiros e as represas Billings e Guarapiranga,
construir 30 parques, duas linhas
de metrô, 25 novas estações e ampliar o aeroporto de Cumbica, entre outras megaobras.
"Aproveitaríamos o projeto para tirar uma defasagem de anos, e
a cidade entraria em outro patamar de infra-estrutura", disse Nádia Campeão, secretária municipal de Esporte e uma das maiores
responsáveis pela campanha.
Moscou, que divulgou sua intenção de concorrer em 14 de julho de 2001, apresentou cifras
maiores que as de Madri, mas,
mesmo assim, menores que as de
São Paulo: US$ 1,93 bilhão.
Já Nova York, vencedora da disputa interna nos EUA contra São
Francisco, fala em US$ 2,7 bilhões, US$ 200 milhões a mais que
a alemã Leipzig e US$ 300 milhões
a menos que Istambul -os turcos prevêem gastar cerca de US$ 3
bilhões se forem de fato candidatos, o que parece difícil.
Os menores valores foram os
apresentados por Paris, que discutiu em fevereiro sua intenção de
ser candidata mais uma vez com a
direção do Comitê Olímpico Internacional, e pelo Rio de Janeiro.
A capital francesa acha possível
realizar os Jogos com um investimento de US$ 720 milhões.
Um dos motivos é que grande
parte das instalações já está construída, caso do estádio olímpico
(o Stade de France, que abrigou a
final da Copa de 98) e as instalações de tênis (Roland Garros).
Para competições menores, Paris prevê a construção de instalações desmontáveis, mais baratas,
que seriam doadas a países subdesenvolvidos após os Jogos.
Já o caso do Rio é um pouco diferente do de Paris. A prefeitura
anunciou que disponibilizaria,
numa primeira fase, US$ 350 milhões e aproveitaria a estrutura a
ser criada para receber o Pan de
2007 -para o qual serão gastos
outros US$ 350 milhões.
Não detalhou, no entanto,
quanto poderia dispor numa segunda fase e quanto espera receber da iniciativa privada e dos governos estadual e federal para investir em seu projeto olímpico.
Fora São Paulo, a cidade que
mais teria de gastar para receber
os Jogos seria Londres. No início
do ano, a capital inglesa anunciou
serem necessários investimentos
na ordem de US$ 7,6 bilhões se
quisesse abrigar a Olimpíada, o
que assustou o governo britânico
e praticamente derrubou a intenção do comitê local de concorrer
aos Jogos de 2012.
Apesar do apoio da população à
candidatura, o governo Tony
Blair acha difícil conseguir os recursos necessários para o projeto.
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