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Brasil quer treinar crianças na China
Confederação de tênis de mesa alugará casa no país da modalidade para hospedar atletas durante pelo menos um ano
Foco é enviar ao outro lado do mundo jovens de 8 a 10 anos de idade, e entidade
diz ter inclusive orçamento
para implantar o projeto
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
O grande salto do tênis de
mesa brasileiro está previsto
para começar nos dois meses
seguintes aos Jogos Olímpicos
de Pequim. E é calcado em
mandar crianças entre 8 e 10
anos de idade para a China, onde viverão rotina semelhante à
dos iniciantes no maior centro
mundial da modalidade.
Até outubro, a CBTM (Confederação Brasileira de Tênis
de Mesa) pretende alugar um
imóvel na China. Será o abrigo
de até oito jovens brasileiros,
que, monitorados por treinadores chineses, ficarão distantes
de amigos e familiares -já com
vistas à Olimpíada de 2016.
A rotina deverá ser rígida, como acontece com os chineses
da mesma faixa etária que demonstram ter potencial para a
modalidade. Eles são selecionados na infância e vão para
centros de treinamentos, onde
passam a viver em função do
esporte que praticam.
Foi exatamente esse roteiro
que viveu há 50 anos o chinês
Wei Jianren, coordenador técnico da seleção brasileira de tênis de mesa e maior articulador
do intercâmbio da CBTM.
"Falta só definir a cidade. Já
temos inclusive o recurso guardado para alugar a casa e mandar os atletas, bancar as passagens e tudo", conta Alaor Gaspar Pinto Azevedo, presidente
da entidade, que tem até uma
lista com nomes de possíveis
candidatos -cujas famílias
aprovam a viagem.
O dirigente reconhece que o
plano de mandar crianças brasileiras para um cenário tão
longínquo e diferente pode
soar estranho. Porém cita até a
Folha para enfatizar que é o segredo do sucesso chinês.
"A gente tem que entender
como é a coisa lá. A Folha mostrou isso [no caderno especial
que apresentou o modelo do
esporte na China] e até chocou
algumas pessoas. Minha mulher, por exemplo, disse: "O que
é isso? Vou deixar meu filho de
seis anos?". Mas não tem jeito.
Se há campeão do mundo com
14 anos, imagine há quantos
anos ele joga. Fiquei feliz, porque o COB [Comitê Olímpico
Brasileiro] também apóia isso."
Wei explica o porquê da opção por iniciantes. "Quanto
menor a idade, até melhor, porque o começo é fundamental.
No início, atletas de Brasil e
China têm nível zero, de iniciantes. A idéia é evoluir no
mesmo ritmo dos chineses. É
igual a um papel. Na folha
branca, é possível desenhar
qualquer coisa, mas, se tiver
um desenho já feito, é mais difícil mudá-lo. Consertar é mais
difícil que ensinar a fazer certo
desde o início", fala o treinador.
Ele tem inclusive uma experiência-piloto: os elogios da
mesa-tenista Kim Inokuchi, 16,
que foi à China em dezembro
de 2007 e ficará sozinha lá ao
menos até dezembro de 2008.
Alaor vê ainda outro trunfo
na empreitada. "Mesmo que
não se torne um grande jogador, o jovem brasileiro que
aprender inglês e mandarim na
China conseguirá depois emprego com mais facilidade."
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