São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 2008

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FUTEBOL

"Pequeno e defensivo", Brasil perde até fair play

Atuação tímida da equipe de Dunga impressiona Maradona

Argentina fica mais tempo com a posse de bola e vê os brasileiros apelarem para a violência no fim do jogo que minou frequesia sobre rival


DOS ENVIADOS A PEQUIM

Após a vitória da sua Argentina sobre o Brasil, ontem, em Pequim, o ídolo argentino Diego Maradona declarou que "fazia tempo que não via um Brasil tão pequeno e tão defensivo".
O ex-jogador tem razão.
Sem aquilo que considera a maior arma do seu time, a posse de bola, o técnico Dunga, que estava invicto como treinador diante da Argentina, viu seu time ser dominado e ainda dar uma clara demonstração de falta de "fair play" (jogo limpo).
Segundo dados oficiais, o Brasil cometeu 27 faltas, contra apenas 17 dos argentinos. Quando já perdia, no segundo tempo, Lucas e Thiago Neves fizeram faltas violentas em Mascherano e foram expulsos.
Desespero de quem nunca conseguiu controlar o jogo. O Brasil ficou ontem com a bola por apenas 23 minutos, ou dois minutos a menos do que a Argentina. Foi a primeira vez na Olimpíada que os brasileiros tiveram a bola por menos tempo que o adversário -a média do time superava os 30 minutos de posse por partida.
Nos primeiros 45 minutos, a zaga brasileira ainda funcionou bem, e o jogo foi mais amarrado. Tudo bem diferente da segunda metade da partida.
Até então invicta na Olimpíada e nos dois amistosos preparatórios, em Cingapura e no Vietnã, a defesa brasileira começou a falhar feio.
Primeiro, aos 7min, não conseguiu interceptar chute cruzado de Di Maria, que acabou em uma conclusão com o peito de Agüero, que abriu assim o placar do confronto, com Renan estático. Seis minutos depois, Messi fez fila e iniciou a jogada que acabou com mais uma finalização de Agüero, sem marcação, dentro da área: 2 a 0.
O genro de Maradona ainda sofreu o pênalti que resultou no terceiro gol argentino, em cobrança de Riquelme, aos 31min. "Na Copa América [da Venezuela, em 2007], jogamos bem todo o campeonato e perdemos para o Brasil. Agora conseguimos vencer", disse o meia do Boca Juniors, um dos atletas acima de 23 anos usados pelo rival nos Jogos chineses.
"O jogo estava igual no primeiro tempo, mas tomamos um gol logo no início do segundo que desequilibrou nosso time", declarou Ronaldinho.
Segundo a assessoria da CBF, a seleção volta para Pequim caso vença a Bélgica, em Xangai, para receber, no sábado, a medalha de bronze. Em Atlanta, há 12 anos, o time também foi o terceiro colocado, mas não recebeu a premiação junto com Nigéria (ouro) e Argentina (prata), que também decidiram o título daquela Olimpíada.
Para o jogo contra os belgas, adversários que os brasileiros bateram na primeira fase em um suado 1 a 0 com direito a muita reclamação dos belgas contra a arbitragem, Dunga não terá, além dos expulsos Lucas e Thiago Neves, o lateral Rafinha e o zagueiro Breno, suspensos por amarelos.
Rafael Sobis, que machucou o braço, também é dúvida.
(PAULO COBOS E FÁBIO SEIXAS)


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