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ATLETISMO
Bolt corre para não se "afogar" em 200 metros
Advesário diz que jamaicano "é brutal, faz tudo parecer simples"
Por terem pisado além do limite das raias, antilhano e americano perdem a prata
e o bronze; confusão adia premiação para hoje
DO ENVIADO A PEQUIM
A passagem de Usain Bolt,
que completa hoje 22 anos, foi
tão fulminante pela raia cinco
do estádio Ninho de Pássaro
que atordoou seus adversários.
"É ridículo. Ele faz tudo parecer simples. É brutal. Brutal como um chute na bunda", falou
Kim Collins, de São Cristóvão e
Névis, ex-campeão mundial
dos 100 m e finalista ontem.
"Pareceu fácil? Não, não foi.
Senti como se estivesse me afogando e gritasse para mim mesmo: "Não morra, não morra".
Não foi fácil. Dei tudo de mim
na pista", rebateu o jamaicano,
dono de um físico incomum para velocista: 1,96 m e 86 kg.
Independentemente do grau
de dificuldade, o fato é que a velocidade de Bolt desconcertou
os rivais. Dois deles foram desclassificados pouco depois de
festejarem uma medalha olímpica na corrida histórica.
Wallace Spearmon chegou a
se enrolar em uma bandeira
dos EUA após chegar em terceiro e agradecer o apoio da torcida. Mas perdeu o bronze. "Realmente, dei três passos fora da
raia", admitiu ele.
A eliminação de seu corredor
gerou controvérsia na equipe. A
Usaf (Federação de Atletismo
dos EUA), encaminhou um
protesto, pedindo revisão.
O pedido americano não valeu nada mais do que atrasar a
cerimônia de entrega de medalhas, que estava prevista para
ontem, mas, diante das circunstâncias, teve que ser postergada para hoje, às 8h38.
Menos de 20 minutos após
formalizar a queixa, os EUA retiraram o pedido. No entanto,
entraram mais uma vez no tapetão, dessa vez requerendo a
anulação do resultado de Churandy Martina, que cruzara na
segunda posição. Depois de reverem o teipe, os cartolas dos
EUA acusaram o atleta das Antilhas Holandesas de ter cometido a mesma irregularidade.
Alheio ao problema, Martina
até já dera entrevistas destacando o feito histórico para seu
pequeno país. Era a primeira
medalha antilhana no atletismo e a volta da ilha ao pódio
olímpico depois de 20 anos.
"Não quis me preocupar com
o Bolt, que fez um tempo incrível. Foquei apenas na minha
corrida", declarou Martina, evitando falar do protesto americano. "Isso não me preocupa.
Não fiz nada de errado."
Próximo dali, outro norte-americano, Shawn Crawford,
falava sobre o terceiro posto.
"Levarei esse bronze para casa.
Ele é meu. Mas sempre lembrarei que terminei em quarto e alguém foi desclassificado."
Já eram 0h18 em Pequim
quando finalmente saiu a decisão. Martina fora excluído.
"Isso não é espírito olímpico.
Como um país tão grande como
os EUA pôde fazer isso conosco?", lamentava Omayra Leflang, ministro do Esporte das
Antilhas Holandesas.
O pódio da mais alucinante
prova de 200 m da história
olímpica havia sido modificado
pela terceira vez em menos de
duas horas. Agora com Crawford como vice-campeão e Walter Dix, mais um norte-americano, na terceira posição. O
único lugar que permanecera
inalterado era o do campeão.
A melhor definição da noite
perturbadora veio de Stephen
Francis, o badalado treinador
de Asafa Powell, cujo recorde
dos 100 m fora superado por
Bolt em maio, em Nova York.
"Há pessoas que são exceções. Você tem o Einstein, o Issac Newton, o Beethoven. Você
tem o Usain. Não há explicação
para o que ele faz", comparou.
(ADALBERTO LEISTER FILHO)
8
ATLETAS
apenas tinham conquistado os 100 m e os 200 m
numa edição dos Jogos.
O primeiro foi Archie
Hahn (EUA), em Saint
Louis-04. Depois, ele viu
compatriotas repetirem
o feito: Ralph Craig (Estocolmo-12), Eddie Tolan
(Los Angeles-32), Jesse
Owens (Berlim-36) e
Bobby Morrow (Melbourne-56). A façanha
também foi alcançada
pelo canandense Percy
Williams (Amsterdã-28).
O único europeu a obter o
duplo triunfo foi o ucraniano Valeriy Borzov
(Munique-72), pela ex-URSS. O último a atingir
o feito antes de Bolt havia sido o americano Carl
Lewis, em Los Angeles-84, que acabou esvaziada
por causa de boicotes.
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