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Na TV, futebol chinês espanta machismo
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
O jogo entre as seleções femininas de futebol de Brasil e
Estados Unidos terá uma espectadora ilustre. A jornalista
Lu You, 35, é a maior autoridade em futebol da televisão
chinesa. Fã do time, ela diz
que Marta está jogando melhor que Ronaldinho.
"A seleção masculina do
Brasil esteve inacreditável
contra a Argentina, parecia
que estava sem técnico", diz.
As opiniões da bela jornalista da CCTV são levadas a sério
pela torcida - ela diz que isso
não tem relação com o pouco
gingado dos homens de seu
país com a bola.
"Vejo mais machismo no
futebol da Europa ou da América do Sul do que na China.
Aqui, as pessoas me respeitam, faço perguntas incisivas
e trabalho na CCTV, a maior
rede de televisão daqui, o que
ajuda", reconhece.
Ela é uma celebridade local.
Nos últimos cinco anos, Lu
cobriu a Eurocopa, a Copa da
Alemanha e visitou 20 países
- até gravou especiais em clube brasileiros. Já entrevistou
de Joseph Blatter a Rooney,
de Ronaldo a Figo.
"Os jogadores me respeitam. Alguns até sorriem demais, mas acho normal. Também olho para os jogadores
mais bonitos", revela.
Lu começou a gostar do esporte aos 8 anos de idade,
quando assistiu com o pai a
seu primeiro jogo em um estádio. "Naquela época, os chineses tinham no máximo uma
televisão em casa. Minha mãe
e minha irmã não gostavam
de futebol e meu pai fez de tudo para eu ficar do lado dele
na hora de decidir o que assistiríamos", conta.
Hoje, ela é a cara do futebol
da CCTV. Não é pouca coisa.
Quando o Real Madrid visitou
a China, em 2005, a entrevista
coletiva do time aconteceu na
sede do Congresso chinês, e
até os treinos da equipe eram
televisionados ao vivo.
"Os chineses não sabem jogar, mas entendem tudo porque assistem aos melhores.
Cada jogo dos campeonatos
Italiano, Espanhol, Francês,
Alemão, Inglês é acompanhado por milhões", diz.
Lu é torcedora do Milan e
fanática por Marco Van Basten. Mas seu momento mais
impressionante foi um jogo
entre River e Boca em Buenos
Aires. "Nunca vi um estádio
tremer como a Bombonera."
Por que o futebol não consegue seguir o caminho de outros esportes na China, de tradição zero a campeões em medalhas? "A China só começou
a organizar há dez anos. É como uma criança. O torcedor
chinês está mal-acostumado,
vendo jogadores brasileiros e
times europeus. É duro demais para o futebol local".
Por isso, ela vê um lado positivo na contusão de Liu
Xiang, ídolo chinês dos 110
metros com barreiras. "Nós,
chineses, precisamos aprender a perder e ver que a derrota faz parte do esporte."
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