São Paulo, quarta-feira, 21 de setembro de 2011

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TOSTÃO

Sabe sem saber que sabe


Em todo o mundo, existem muitos artilheiros. Entretanto são raros os craques-artilheiros

O tumulto, após a derrota para o Santos, será ruim, ou a pressão vai ajudar o Corinthians a jogar melhor? Não sei. Apenas os profetas e os palpiteiros sabem.
O volante Rômulo, 21, convocado contra a Argentina, destaque do Vasco, líder do Brasileirão, disse que jogava como meia. Isso aumenta minhas esperanças de que ele vai ser ainda melhor. Ricardo Gomes, que, felizmente, continua em ótima recuperação, manteve Rômulo de volante e ensinou Felipe a se posicionar defensivamente, quando o time perde a bola. Técnico bom é isso.
O treinador de Leandro Damião quando ele jogava na várzea disse à rádio CBN que o centroavante, além de fazer muitos gols, saía mais da área para receber a bola. Hoje, atua mais fixo, entre os zagueiros, completou o técnico.
No Inter, Damião já é um grande artilheiro. Provavelmente, será também na seleção. Se quiser ser um craque-artilheiro, deveria pensar nas palavras de seu ex-técnico. Artilheiros há muitos. Craques- -artilheiros são raros.
O craque-artilheiro, para brilhar, não precisa fazer gols em todas as partidas. Além de ter uma alta média de gols, ele dribla, tabela, dá passes decisivos e participa do jogo coletivo. Não apenas espera a bola para fazer o gol.
Não entram nessa discussão craques-artilheiros que não são centroavantes, como Messi, Cristiano Ronaldo, Rooney, Neymar e outros.
Teria Leandro Damião talento para ser um craque-artilheiro, como os centroavantes Romário, Ronaldo, Reinaldo, Coutinho, Careca, Van Basten, Gerd Müller, Ibrahimovic e poucos outros? Não sei. Ainda é cedo para dizer. A seleção precisa de um craque-artilheiro, e não apenas de um artilheiro. Estamos bem-acostumados.
No esquema da moda, com um centroavante, um meia ou um atacante de cada lado e um meia de ligação, o centroavante fica isolado e prejudicado. Com isso, diminuiu o número de excepcionais centroavantes.
O Barcelona não tem centroavante, porém há sempre alguém -Messi, um armador ou um atacante que joga pelos lados- dentro da área para fazer o gol. O ataque fica com mais mobilidade e mais imprevisível.
Narrador gosta de dizer que a bola procura o artilheiro. Ele é que sabe, antes dos outros, aonde a bola vai chegar. Todos iam para um lado, e Romário ia para o outro, para receber a bola livre. Como ele sabia isso? Sabendo. Existe um saber que antecede ao pensamento lógico. Romário sabia, sem saber que sabia.



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