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JUDÔ
Pela primeira vez, definição de vagas olímpicas, que começa hoje em São Paulo, é feita em três etapas em datas distintas
Nova seletiva minimiza efeito do mau dia
FERNANDO ITOKAZU
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
Judoca brasileiro não gosta
muito de fazer previsões antes de
campeonatos internacionais, e
quase sempre a resposta é a mesma: "Vai depender muito de como eu estiver no dia...".
A seletiva final que define os
atletas que representarão o Brasil
nos Jogos de Atenas-2004 deve
minimizar essa questão "do dia".
O processo, que começa hoje a
partir das 10h, no ginásio do Morumbi, é formado por três etapas.
Em cada uma delas, os dois finalistas de cada categoria disputam
uma série melhor de três lutas.
Assim, mesmo que um judoca
não esteja no seu dia e seja derrotado hoje, ele tem a chance de se
recuperar, vencer as duas etapas
restantes e ficar com o posto de titular para a Olimpíada na Grécia.
Será a primeira vez que as vagas
para a seleção brasileira serão decididas dessa forma. Para os Jogos
de Sydney-2000, os atletas foram
escolhidos em uma disputa melhor de cinco em um único dia.
A maioria dos envolvidos na seletiva demonstrou satisfação com
a nova forma de seleção.
"É um jeito honesto e mais justo. Do outro jeito, quatro anos de
sua vida poderiam ir para o lixo
em um único dia", afirmou o médio Edelmar Zanol, que venceu as
seletivas para as Olimpíadas de
Atlanta-96 e Sydney-2000.
O pesado Daniel Hernandes,
que também esteve nos Jogos na
Austrália, concorda. "Assim vai
sair o melhor de cada categoria."
O rival de Hernandes, Fabiano
Zamboneti, que tenta ir à competição pela primeira vez, diz que o
formato atual, além de ser o mais
justo, vai obrigar os atletas a manterem o alto nível de treinamento
por mais tempo.
O técnico da seleção feminina,
Floriano Almeida, cita ainda um
estudo sobre os playoffs do esporte americano: "Ficou provado que
quando a série vai até a sétima
partida a chance de o melhor time
ser eliminado é inferior a 10%".
Vânia Ishii, que também representou o Brasil em Sydney, apóia
o novo formato, mas faz uma ressalva. "Lutar nove vezes com a
mesma adversária é algo muito
desgastante. Acredito que nos primeiros confrontos haja muito estudo entre os judocas."
Melhor brasileiro da história e
atual coordenador do São Paulo,
Aurélio Miguel também é favorável à nova seletiva. "Fico feliz em
ver a adoção do modelo. Em 1992,
um grupo de atletas liderados por
mim propôs à CBJ que definisse a
seleção em três etapas, em dias
distintos. É gratificante ver o modelo sendo implantado mais de
dez anos depois."
Mas, além de citar a repetição de
confrontos como um possível
problema ("pode travar os combates"), o campeão em Seul-88 e
bronze em Atlanta-96 lembrou
também que, na Olimpíada, a medalha é decidida num só dia.
O técnico Floriano Almeida rebateu a observação do ex-judoca.
"De fato, a Olimpíada é decidida
num só dia. Até por isso, precisamos ter a certeza de que a seleção
é integrada pelos melhores judocas de cada categoria", disse.
Os dois medalhistas olímpicos
que lutam hoje, Tiago Camilo e
Carlos Honorato (ambos prata
em Sydney-2000), demonstraram
indiferença quanto ao novo formato adotado para a seletiva.
"Não sei o que é melhor. A gente
tem que dançar conforme as regras estabelecidas", disse Camilo.
"É difícil falar que um sistema é
melhor do que o outro. Se a pessoa fez o treinamento adequado,
ela provavelmente vai sair como
vencedora", afirmou Honorato.
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