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VÔLEI
Norte-americana suspensa por doping em 95 e argentino algoz do Brasil em Sydney-2000 são destaque na competição
Importados roubam a cena na Superliga
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Superliga é a principal vitrine
para os atletas que ainda tentam
convencer os técnicos de que merecem um lugar em Atenas.
Mas Bernardinho e Zé Roberto
não poderão convocar os principais destaques dos Nacionais.
Na Olimpíada, Keba Phipps,
melhor atacante da competição,
estará postada do outro lado da
quadra, com a camisa dos EUA.
Marcos Milinkovic, dono da
mais poderosa artilharia do torneio masculino, vestirá o azul e
branco da Argentina.
A dupla importada tem feito estragos nas quadras brasileiras.
Phipps aproveita 33,8% de seus
ataques e, com cortadas potentes,
conquistou os mineiros, acostumados a louvar Cristina Pirv.
A norte-americana não lembra
em nada a musa romena. Usa cabelo rastafári e não tira os óculos
de proteção para evitar lesões,
conselho do amigo holandês Davids, jogador de futebol com
quem é sempre comparada.
Milinkovic, oposto da Unisul,
não precisou se apresentar. O argentino, que soma 270 pontos na
Superliga -43 a mais do que o segundo colocado-, é velho conhecido dos brasileiros. De 1996 a
2000, o oposto defendeu os extintos Chapecó e Olympikus.
Mas foi na seleção que ele marcou a história do time verde-amarelo. Com um bloqueio perfeito,
parou o novato Dante e selou o
placar de um dos maiores vexames do Brasil: o time estava fora
dos Jogos de Sydney-2000. A Argentina avançava às semifinais.
"Apesar disso, a torcida brasileira sempre me tratou bem. Essa é
uma das maiores lembranças que
eu tenho do vôlei. A atuação em
Sydney e no Pan de 95", conta.
Em Mar del Plata, sua seleção
desbancou os favoritos norte-americanos e ficou com o ouro.
Naquele ano, enquanto Milinkovic celebrava, Keba Phipps se
envolvia em um escândalo na Itália. Um antidoping positivo para
maconha arranhou sua carreira.
Phipps ficou suspensa por nove
jogos, um a menos que o brasileiro Giba, flagrado no ano passado.
Hoje ela faz piadas, mas não esconde as marcas do episódio.
"Como aquilo afetou minha
carreira? Eu perdi dinheiro", brinca. "É muito complicado lidar
com isso, as pessoas te julgam, você vira "a drogada"... Imagino como o Giba se sentiu. Mas eu tentei
tirar uma lição de tudo isso."
Phipps conseguiu refazer sua
imagem. O escândalo não diminuiu o interesse das poderosas
equipes italianas e, em 12 temporadas, ela conquistou oito Nacionais, a torcida e os críticos.
Virou a "pantera negra" -imagem que tatuou no quadril- e
defendeu sete times na Itália antes
de chegar ao Minas.
"A Superliga é forte, mas a Itália
reúne as melhores jogadoras. É o
melhor campeonato do mundo."
Phipps chegou à Europa "fugida". Aos 19 anos, após despontar
em Seul-1988, brigou com a comissão técnica e deixou a seleção.
Para Milinkovic, a Itália também foi refúgio. Sem equipes fortes na Argentina, o jogador teve
de sair de casa aos 21 anos.
O oposto ficou na Europa até
1996, quando veio para o Brasil.
Em 2000, entrava em outro avião:
ficou dois anos na Itália antes de
se unir ao ex-companheiro de seleção Javier Weber, seu técnico.
Fora de casa, o melhor jogador
do Mundial-02 viu o declínio de
seu país. Por denúncias de corrupção, a federação argentina foi
extinta, e as seleções foram suspensas de torneios internacionais.
O esporte do país só voltou a
respirar neste ano. Com uma federação provisória, Milinkovic
pôde comandar a equipe no Pré-Olímpico e assegurar vaga em
Atenas. Na Grécia, o jogador da figurante Argentina encontrará
Phipps em situação bem distinta.
A atacante, que fez as pazes com
a seleção em 2002, estará na Olimpíada para lutar por medalhas.
Um exemplo do que os EUA podem fazer foi dado do Mundial-02, quando o time ficou com a
prata. Phipps só não jogou a decisão devido a uma lesão no olho.
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