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FUTEBOL
Obrigatoriedade de amistosos na região irrita Parreira e breca negócios
Jogo na Europa vira fardo para a seleção brasileira
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Jogar na Europa. O que é o sonho de muitas seleções virou um
tormento para o Brasil.
Resultados ruins, como o empate sem gols da última quarta-feira contra a Irlanda, em Dublin,
faturamento menor e testes que
não são os ideais para os confrontos pelas eliminatórias.
Estes são os principais problemas do time nacional depois do
acordo dos cartolas da bola que
obriga equipes como o Brasil a só
realizar amistosos em solo europeu caso queiram ter todas as suas
estrelas liberadas.
O técnico Carlos Alberto Parreira se queixa de não poder fazer jogos preparatórios contra times
sul-americanos, já que nas próximas duas temporadas seu time só
terá partidas oficiais pela frente
contra equipes da região.
"Isso [jogar contra europeus]
não é o ideal, mas sei que não existe a possibilidade de enfrentarmos um time da América do Sul",
disse o treinador em Dublin.
"Essa partida [contra a Irlanda]
não pode servir como comparação para os jogos das eliminatórias. O clima, a forma de jogar do
rival e as condições são bens diferentes do que na América do Sul",
completou o treinador.
Apesar de viagens mais curtas,
já que quase todos convocados
atuam por lá, o Brasil de Parreira
vai pior na Europa do que em outras partes do planeta. Foram seis
jogos, em que o time teve um modesto aproveitamento de 44%.
Nas sete partidas em outros continentes, o aproveitamento sobe
para 62%.
A fama de futebol ofensivo dos
brasileiros também não se confirmou nos jogos europeus com
Parreira -o time só marcou cinco gols, o que não dá nem um por
partida. Em outras partes do planeta o desempenho ofensivo também não é dos melhores (média
de 1,43 gol por partida), mas pelo
menos supera com folga a performance européia.
Se dentro de campo a situação
não é confortável, longe dele também não é de satisfação. Fora da
Europa, a CBF chegava a receber
cotas que ficavam acima do US$ 1
milhão, como aconteceu em jogo
contra a China no ano passado.
Agora, tem que se contentar
com metade disso, como aconteceu no confronto contra os irlandeses, ou fazer a própria promoção das partidas, como ocorreu
contra a Jamaica no ano passado,
em amistoso na Inglaterra.
Pela diferença de horário, que
coloca as partidas da seleção à tarde no horário brasileiro, jogar na
Europa também é um tormento
para a Globo e anunciantes.
O jogo com a Irlanda não estava
previsto para ser exibido pela
emissora, pois atrapalharia sua
grade de programação -a empresa mudou de idéia na última
hora, após muita confusão.
O imbróglio, entretanto, afastou
os anunciantes brasileiros, que
tradicionalmente ocupam metade das placas publicitárias em
amistosos do time nacional. Sem
a garantia das imagens na TV
aberta, ninguém se interessou por
colocar sua marca no estádio de
Dublin, tomado por empresas locais ou européias.
Prevista para durar até pelo menos o próximo ano, a obrigatoriedade de amistosos na Europa vai
colocar o Brasil para jogar lá mais
duas vezes só neste semestre.
Nos próximos dias, a CBF vai
anunciar o adversário de um jogo
previsto para 28 de abril. Existe a
possibilidade de ser um rival tradicional, ainda mais se o jogo for
aquele que a AmBev, patrocinadora da seleção, tem direito de explorar por contrato. No final de
maio, o Brasil pega a França em
Paris, no centenário da Fifa.
Assim, antes dos confrontos
contra Argentina e Chile, em junho, Parreira terá que preparar
sua equipe contra adversários que
nada têm de sul-americanos.
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