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Metrô de Pequim sofre conseqüência dos Jogos
Rodízio de carros, aliado a outros problemas, provocam paralisações de linhas, fechamento de estações e superlotação no sistema
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
O metrô de Pequim sofreu
ontem as conseqüências do rodízio radical que atinge mais de
50% da frota da cidade desde
domingo. Atrasos de trens, estações fechadas e multidões espremidas em vagões foram a
cena mais comum no dia.
Cerca de 4 milhões de pequineses passaram a depender do
transporte público. Placas com
final par e ímpar se alternam no
rodízio que deseja acabar com
os congestionamentos e a poluição que ameaça a Olimpíada,
que começa no próximo dia 8.
Calçadas inteiras se transformaram em pontos de ônibus,
com dezenas de pessoas enfileiradas à espera da condução. Por
outro lado, com exceção das
primeiras horas da manhã e do
fim da tarde, foram registrados
poucos congestionamentos.
E o caos no metrô ocorreu
não só pela superlotação. Uma
mulher se atirou nos trilhos às
16h30 (horário local). Ela foi
retirada a tempo, mas a Linha 1
parou por 19 minutos. Na Linha
2, um problema técnico em um
vagão, às 8h20, um dos horários
de pico, parou o metrô por mais
de dez minutos. Ainda pela manhã, trens lotados passavam
pelas estações sem parar.
A administração do metrô
culpou "falhas técnicas" e disse
que o caos não foi causado pelo
excesso de passageiros.
Várias entradas da estação de
Jianguomen, onde há conexões
para várias linhas, ficaram fechadas devido à aglomeração.
Como já é normal na cidade,
mesmo pré-rodízio, guardas do
metrô empurravam as pessoas
que não conseguiam entrar nos
vagões para "otimizar a capacidade", redesenhando o conceito de sardinhas enlatadas.
Cerca de 3,4 milhões de pessoas usam o metrô por dia. Não
há estimativa de quantos passageiros usaram o sistema ontem. O governo espera que 60%
da frota fique em casa durante
o rodízio, que vai até 20 de setembro, após a Paraolimpíada.
Duas novas linhas convencionais e uma de superfície, ligando o aeroporto ao centro da
cidade, foram abertas no fim de
semana. A sinalização não estava pronta ontem. Os novos 58
km de metrô custaram 22,3 bilhões de yuans (R$ 5,6 bilhões).
Uma das linhas é exclusiva a
atletas, jornalistas e organizadores. Só táxis, ônibus, carros
do corpo diplomático e credenciados pela organização olímpica estão isentos do rodízio. A
poluição de Pequim é o que
mais preocupa para os Jogos.
Atrasos e aglomerações no
metrô começaram no final de
junho, frutos das medidas de
segurança aplicadas para proteger o sistema de atentados.
Há detectores de metais e
máquinas de raio-x na maioria
das estações, além de cães farejadores. O repórter da Folha já
teve que abrir três vezes sua
pasta para verificação.
O metrô de Pequim foi aberto em 1969, poucos anos antes
do de São Paulo. Hoje tem 200
km (o paulistano tem 63 km). A
passagem custa entre 2 e 5
yuans (R$ 0,50 e R$ 1,25).
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