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POLIFONIA
Queijo derrota batata no duelo que intriga EUA
MARCELO DIEGO
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS
O ginasta norte-americano Stephen McCain está longe de ser chamado de
gordo, com 71 kg distribuídos
por 1,72 m. Ainda assim, nos
últimos meses antes de competir em Atenas, ele se submeteu
a um regime rigoroso para
perder 3 kg. A saída encontrada foi cortar os carboidratos.
O atleta seguiu o programa
baseado no consumo de proteínas, popularmente conhecido como a dieta Atkins.
Robert Atkins foi um cardiologista americano que, no livro "Diet Revolution" (1972),
pregou como fundamental
num plano de emagrecimento
que o corpo queime gordura, e
não carboidratos. Ou seja, veto
a massas, grãos e batatas e
aval para carne, ovo e queijo.
"Costumava pensar sempre
em carboidratos para recuperar energia. Mas percebi que
minha performance até melhorou", afirmou McCain.
A dieta é uma das mais populares do planeta. Para aproveitar o mercado, foi criada a
companhia Atkins, que vende
alimentos "permitidos".
A empresa banca o time que
disputa a classe Yngling no iatismo olímpico. As americanas
Nancy Haberland (56 kg), Carol Cronin (59 kg) e Liz Filter
(81 kg) obtiveram US$ 120 mil.
Não podem exibir o logotipo
de patrocinador em Atenas,
mas fazem questão de defendê-lo com testemunhos.
Número cinco do mundo, a
equipe passou por um contratempo recentemente. Há limite de peso para a embarcação
(168 kg). Mas Haberland estava, no início do ano, com 9 kg
acima do ideal. Diz que seguiu
a dieta de proteínas para perdê-los. "Não quero um patrocinador em que não acredite",
afirma Filter, outra que teve
problemas de peso -quando
engravidou dos filhos que hoje
têm seis e quatro anos- e que
afirma ter recorrido ao método Atkins.
Os membros da seleção olímpica dos EUA estão preocupados com a tendência e querem
maior controle sobre o que os
atletas comem. "Carboidratos
são a primeira fonte de energia que o corpo usa. Se Michael Phelps seguisse a dieta
de Atkins, seria impossível
conseguir os resultados que teve", diz a nutricionista Nancy
Clark. Phelps segue um cardápio rico em massas e batatas.
Para ela, a sensação de bem-estar de Stephen McCain se
deve às características do esporte que ele pratica. "A ginástica é um esporte mais anaeróbico. Aplicar o programa na
natação e no atletismo causaria um resultado desastroso."
"Desaconselho todo esportista que queira entrar nesta dieta. Carboidratos são os melhores combustíveis para os músculos e para o cérebro", diz Karen Reznik Dolin, que dá aulas
na Universidade Columbia.
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