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FUTEBOL
Os ídolos também pecam
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Ronaldo, ou Ronaldinho
-a imprensa precisa chegar
a um acordo-, completa hoje 26
anos. Ele esteve em três Copas do
Mundo. Parece um veterano.
Quando estreou no Cruzeiro
com 16 anos, já demonstrava todo
seu fenomenal futebol. A consagração era questão de tempo. Se
não tivesse tido tantas contusões,
seria hoje ainda melhor.
Ronaldo fez um grande esforço
para retornar bem ao futebol. As
belíssimas atuações na Copa foram uma vitória não só do atleta,
mas também do homem.
No Mundial, Ronaldo e Rivaldo
conquistaram definitivamente
um lugar na lista dos grandes jogadores do futebol brasileiro e
mundial. Ronaldo acabou com a
dúvida -se era um produto de
marketing ou um fenômeno. Ele é
as duas coisas, como quase todas
as grandes celebridades.
Hoje, a moda é a das pequenas e
eventuais celebridades. Em outras épocas, as pessoas desejavam
muito mais serem amadas e compreendidas. Eram mais neuróticas. Hoje, querem ser famosas,
mesmo que seja por 15 minutos.
São mais narcisistas, deslumbradas e felizes (entre aspas).
O homem Ronaldo foi muito
criticado e elogiado. Os torcedores
da Inter não param de chamá-lo
de ingrato. A sociedade cobra do
ídolo atitudes exemplares. Eles
não são melhores do que as pessoas comuns. Na verdade, os próprios ídolos se preocupam em parecerem especiais e mais humanos do que são. As suas obras é
que os fazem especiais. Elas são
geralmente melhores do que os
autores.
Craque e gênio
Como se classifica o Ronaldo
entre os grandes jogadores da história do futebol mundial? Diria
que ele é mais do que um jogador
excepcional, um craque. É um fenômeno, um supercraque. Mas,
não é um gênio. Romário foi um
gênio, o que não significa mais
eficiência. O Baixinho foi mais
fascinante, fantasista, em campo.
Romário e Ronaldo foram os
dois melhores centroavantes que
vi atuar. Logo abaixo estariam o
holandês Van Basten, o alemão
Muller, Reinaldo e Coutinho. Obviamente, não estão nessa lista os
grandes meias-atacantes, como
Pelé, Maradona, Cruyff, Platini,
Zico e outros.
Antes que alguém diga que estou sendo humilde ou falso humilde, não é uma coisa nem outra. Fui um grande jogador, mas
sei qual e onde é o meu lugar.
Além do mais, era um meia-atacante, mais armador do que atacante. Na Copa de 70 atuei fora
da posição, de centroavante. Na
verdade, não fui armador nem
centroavante. Fui um centroavante armador.
Novidade do Brasileirão
São Paulo e Atlético-PR, que se
enfrentam hoje, já foram eleitos
os melhores times do Campeonato Brasileiro. Não são mais. A alternância de posições no campeonato não significa irregularidade
das equipes e sim equilíbrio. É
muito difícil um time ganhar ou
perder várias partidas seguidas. O
Cruzeiro não consegue ganhar
duas partidas seguidas no Brasileiro desde novembro de 2000.
Atlético-MG, Santos e Corinthians melhoraram bastante suas
posições durante a semana e ocupam boas posições, depois do Juventude. Geninho implantou no
Atlético o mesmo desenho tático
com três zagueiros do xará do Paraná, campeão do ano passado.
Os principais destaques do Galo
são Marques (como sempre), Souza, que melhorou a qualidade do
meio-campo, Mancini e o jovem
Paulinho, uma grande promessa.
Mancini descobriu sua posição,
a de ala. Não é apenas um lateral
que apóia. Ocupa a posição de
um meia direita no esquema 4-4-2. Ataca e defende pelo meio e pela lateral. Finaliza muito bem.
Muitos técnicos que utilizam o
esquema com três zagueiros e
dois alas ainda não perceberam
que, em algumas situações, é melhor colocar um armador atuando de ala do que um limitado lateral para apoiar.
Após a vitória sobre o Vasco no
meio de semana, o Santos derrubou o medo de jogar fora de casa.
Os garotos estão amadurecendo
e aprendendo a atuar longe do
carinho e da proteção familiar. O
time defende e ataca com muitos
jogadores. Elano, Diego e Robinho são armadores e atacantes.
Será que o time teve ontem uma
boa atuação contra o Goiás na
Vila Belmiro? Ou vai passar a ganhar fora e perder ou empatar em
seus domínios?
O Corinthians, com Guilherme,
passou a jogar pela primeira vez
num autêntico 4-3-3, com três
atacantes. Leandro era mais um
meia de ligação. Recuava muito,
ciscava e produzia pouco. Guilherme atua próximo da área. Finaliza e distribui bem a bola. O time ficará mais forte.
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