|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Treinador, que foi hostilizado pela torcida em sua chegada ao Corinthians, conquista o título que mais perseguiu
"Ex-burro", Geninho festeja sonho pessoal
DA REPORTAGEM LOCAL
O técnico Geninho finalmente
alcançou o título que mais perseguiu em sua vida. O Paulista, que
viu escapar por entre seus dedos
duas vezes quando comandava o
Santos diante do próprio Corinthians, chegou quase 20 anos depois que iniciou sua carreira de
treinador justamente com a equipe que mais o impediu de chegar
a esse feito em edições anteriores.
"É o título que mais persegui em
minha carreira, desde quando era
jogador. É tão importante quanto
o Brasileiro que ganhei pelo Atlético-PR [em 2001], ainda mais por
ser no Corinthians", disse Geninho, que começa finalmente a cair
nas graças da torcida corintiana.
Emocionado, Geninho traçou
um paralelo de sua trajetória no
Parque São Jorge com o desenvolvimento de sua carreira. "Sempre
persegui isso [títulos], mas sabia
que seria uma tarefa difícil", disse
o técnico, que teve problemas em
sua chegada.
Encantada com Carlos Alberto
Parreira, que conquistou dois títulos pelo clube em 2002, o torcedor tratou Geninho com frieza e
até certa dose de hostilidade.
Em algumas partidas no Pacaembu, como na partida contra
o Cruz Azul, pela Libertadores, o
técnico corintiano foi chamado
de burro pela torcida, mesmo
vencendo os jogos.
Mas diz não se importar com os
críticos. "Aqui não há pressão interna. Nenhum dirigente vem te
cobrar como armar o time ou pedir para escalar esse ou aquele jogador. A pressão é só externa."
Geninho tem mostrado em números desempenho superior ao
do colega que deixou os corintianos para dirigir a seleção.
Em 14 partidas, conquistou
83,3% dos pontos disputados (11
vitórias, dois empates e só uma
derrota).
Em seus primeiros 14 confrontos, Parreira obteve 66,7% de
aproveitamento (oito vitórias,
quatro empates e duas derrotas).
Assim que assumiu o time, Geninho tentou impor seu estilo,
sem se desfazer do ponto nevrálgico do time, o lado esquerdo,
com Kléber e Gil.
"Não vim para apagar a imagem
do Parreira. Ele tem méritos nesse
time. Só achei que poderia acrescentar algo. Deu certo", afirmou o
treinador.
"Mesmo assim, mudei a cara do
time e consegui o título. É a minha
realização", declarou o técnico,
que se recusou a dar a volta olímpica com os jogadores.
"Esse é um momento deles. Eu
já estou muito feliz assim, até porque estou fora de forma para correr com eles", brincou.
Aos poucos, o técnico substitui
o jogo cadenciado de Parreira por
um estilo mais agressivo, com velocidade e passes longos. Não à
toa, o time se especializou no jogo
aéreo, que se tornou sua arma
mais letal. Dos 33 gols corintianos
em 2003, 13 (39,4%) foram marcados com a cabeça.
Ontem, por exemplo, o Corinthians teve seu pior desempenho
em passes em todo o campeonato
(apenas 83% de aproveitamento).
O fundamento foi a especialidade corintiana na época de Parreira. Ontem, no estilo de Geninho, o
time apostou nos contra-ataques.
Os três gols corintianos saíram
em jogadas desse tipo.
O time ontem também abusou
dos lançamentos. Foram dez ao
longo de toda a partida. Vampeta,
que começou a jogada do gol da
vitória corintiana, liderou o fundamento, com quatro passes longos no duelo com o São Paulo.
Sonho pessoal realizado, Geninho tem agora a missão de realizar o principal sonho corintiano:
a Taça Libertadores.
(EDUARDO ARRUDA, LÚCIO RIBEIRO, PAULO GALDIERI
E RODRIGO BERTOLOTTO)
Texto Anterior: Corintianos já se concentram na Libertadores Próximo Texto: Jogo é modelo para nova lei Índice
|