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FUTEBOL
Trocando camisas
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Ponto corrido no Brasil. Tapetão, virada de mesa, inchaço e atraso de torneio na elite da
Europa. O que é isso? Sinceramente, jamais pensei escrever sobre o tema, mas é a realidade.
A situação na Itália é caótica.
Um caso imbecil causou uma revolução, uma desordem que pode
deixar profundas marcas não só
no futebol italiano, mas em todo
o mundo. E está só começando.
No dia 5 de abril, tudo teve início. Martinelli, jogador do Siena,
cumpriu suspensão contra o Napoli na Série B, mas atuou nesse
dia no chamado campeonato Primavera (algo como aspirantes).
Essa falha deu brecha para que
o Catania protestasse, vencesse no
tapetão e virasse de cabeça para
baixo o tão tradicional "calcio".
Curioso é que Grieco, atleta do
Catania, atuou no campeonato
Primavera no dia 8 de fevereiro,
apenas um dia após ter cumprido
suspensão contra o Genoa. Não
seria o mesmo caso então? Não!
Pelo artigo 17 do Código de Justiça Esportiva da Itália, o Catania
ganhou também essa. Porque
Martinelli atuou no dia em que o
time principal do Siena jogou
contra o Napoli ele feriu o regulamento. Grieco, por poucas horas,
estava ""limpo" contra o Genoa.
Esses são só dois dos muitos casos de disputas na Justiça na Itália. Os clubes descobriram de vez
o tapetão. Porém a Justiça e o governo acabaram costurando a virada de mesa -diferentemente
do Brasil, os clubes mais poderosos não quiseram rasgar regras.
O Napoli foi citado na coluna.
Esse, por suas dívidas, já deveria
ter caído para a Série C1 (assim
como a Roma para a Série B). O
Genoa também apareceu aqui.
Esse é controlado pelo mesmo homem que comanda o Como, único time que deveria mesmo jogar
a Série B nesta temporada que
não ameaça parar a disputa devido ao inchaço para 24 equipes.
O Cosenza foi colocado para escanteio. A Fiorentina (nem falam
mais Florentia), ao contrário, entrou pela linha de fundo no meio
do jogo e, com um forte apoio político, se juntou ao grupo. Por tudo isso nasceu mais um G, o G19,
grupo que deve atravancar a Série B e a Copa da Itália e que tenta tirar do lixo a imagem da liga
nacional que ainda é a maior referência, a maior vitrine da bola.
A Espanha, por sua vez, aproximou tanto seu torneio do Italiano
que já está vendo os problemas de
uma superliga. O Espanhol será
atrasado como foi a liga italiana
na temporada passada. O motivo
é o mesmo: desacordo entre os
clubes mais modestos e a TV.
A Itália voltou ao topo da Europa no campo e ruiu fora dele.
Os críticos do futebol europeu,
em especial do "calcio", têm ótima arma na mão a partir de agora. Se a crise econômica já havia
se tornado realidade até para as
mais ricas equipes da Europa na
temporada passada, o que surpreendeu muita gente, agora há
crise política, jurídica, moral etc.
No Brasil, onde uma penca de
cartolas incompetentes e mal-intencionados ainda atua com destaque, a situação parece melhorar. Mas dizer que os brasileiros
estão dando bom exemplo aos europeus ainda é um exagero. Eles é
que continuam dando exemplo
para nós, só que agora negativo.
Camisa do Barcelona
Parece que terá patrocínio mesmo. O time teria proposta de 15 milhões de uma multinacional (o valor supera o que a Siemens paga ao
Real). Segundo o presidente do Barça, há 30 propostas, dez ótimas.
Camisa da Juventus
Um problemão para a Nike, nova parceira. Devido às relações horríveis entre EUA e Líbia, a empresa não pode fabricar camisas da Juve
com o nome do patrocinador Tamoil, poderosa empresa líbia.
Camisa do Atlético de Madrid
Tragédia, comédia ou drama. Nomes de filmes no uniforme roubarão a cena na Espanha. O Atlético fechou com a Columbia por quatro
anos ( 12 milhões). Na Ásia, o Real estampou o filme "Confidence".
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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