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ADMINISTRAÇÃO
Estimativas mostram que Petrobras gastou mais para comemorar medalhas do que com apoio a atletas
Propaganda consome cinco patrocínios
DA REPORTAGEM LOCAL
Patrocinar é importante, mas
mostrar ao público que patrocina,
o que é bem mais caro, também.
Na esteira da enxurrada de medalhas ganhas pelo Brasil na República Dominicana, as estatais
fizeram questão de divulgar seus
investimentos no esporte.
O caso mais emblemático é o da
Petrobras. Para patrocinar as estrelas do iatismo e as seleções
principais masculina e feminina
de handebol, a empresa vai consumir R$ 1,05 milhão neste ano.
Só nas duas semanas do Pan-Americano, estima-se que a estatal tenha desembolsado pelo menos cinco vezes esse valor para
propagandear o apoio ao esporte.
A Petrobras não divulga o investimento feito, mas pelo volume de peças veiculadas e pelo preço de mercado de espaços publicitários na mídia fica evidente o
descompasso entre o patrocínio e
a celebração do mecenato.
Sempre em horário nobre, foram ao ar anúncios em praticamente todas as emissoras de TV
do país por mais de cinco dias.
Primeiro, com os iatistas. Depois,
para comemorar os dois ouros
ganhos pelo handebol, que garantiram vagas nos Jogos de Atenas.
Na TV Globo, um anúncio de 30
segundos no horário nobre custa
por volta de R$ 180 mil. Assim,
com apenas três exibições na
emissora de maior audiência do
país, a petrolífera gastou mais do
que com o handebol, merecedor
de R$ 500 mil nesta temporada.
Na mídia impressa, os gastos
também foram grandes. Para o iatismo, foi criada uma peça publicitária para uma revista que cobra
mais de R$ 200 mil pelo espaço.
Jornais do Rio, de São Paulo e de
Brasília venderam duas páginas
de anúncio, também para festejar
o handebol, a um custo que alcançou, em um dos casos, R$ 180 mil.
Ao todo, segundo projeções feitas por publicitários ouvidos pela
Folha, a Petrobras desembolsou
por volta de R$ 5 milhões, cinco
vezes o que gasta com os atletas,
para exaltar sua participação.
"O retorno do patrocínio não é
só para a Petrobras, mas para o
desporto brasileiro. Principalmente no caso do handebol, que
não havia tido, ainda, qualquer
patrocínio. É como eu ouvi aqui
na Petrobras: topamos o desafio e
encontramos ouro", afirma Claudio Thompson, coordenador de
patrocínios esportivos da empresa petrolífera, sobre sua política.
A Caixa Econômica Federal
também fez questão de mostrar
que investe no atletismo.
O banco colocou anúncios de
destaque em vários jornais do
país. Para cada veículo de comunicação, chegou a pagar R$ 100
mil, mais do que qualquer integrante da equipe brasileira recebe
por temporada da empresa.
Segundo a Caixa, "é muito importante mostrar para o país o investimento no atletismo", que, segundo sua assessoria, responde
por mais da metade das suas verbas disponíveis para patrocínio.
Eletrobrás, com o basquete, e
Correios, com os esportes aquáticos, também colocaram anúncios
nos jornais para celebrar seus
contratos e as conquistas em Santo Domingo.
(PAULO COBOS)
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