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FUTEBOL
Polêmicas comparações
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Começou o sonho do hexa
com a convocação dos "estrangeiros" para os dois primeiros
jogos das eliminatórias da Copa
de 2006. Comparar a qualidade
entre jogadores e seleções de épocas diferentes é falho e polêmico.
As divergências são inevitáveis e
desejáveis.
Ao contrário do que achávamos
durante os quatro anos da má
preparação da seleção brasileira
para a Copa de 2002, a geração de
jogadores dos Mundiais de 1998 e
2002, que deverá se estender até
2006, é tão boa quanto a de 1982 e
a de 1970 (sem o Pelé).
Talvez a geração de 1958 e 1962
tenha sido a melhor individualmente, porque além de Nilton
Santos, Didi e outros craques, tinha Pelé e Garrincha, que juntos
nunca perderam uma partida pela seleção.
Se a seleção de 82 tinha Zico, Sócrates, Falcão, Júnior e Cerezo, e
na de 70 havia Gerson, Rivellino,
Carlos Alberto, Jairzinho, além
do Rei, a de 98 tinha Rivaldo, Roberto Carlos e Ronaldo, e a de
2002 acrescentou mais um excepcional "erre" (Ronaldinho Gaúcho).
Muitos leitores vão dizer que estou sendo modesto ao não citar o
meu nome. Se citasse, outros diriam até que sou presunçoso. Pertenço à segunda turma de talentos, o que me deixa orgulhoso e
contente.
Temos o hábito de valorizar
mais o passado do que o presente.
No passado, não havia assim tantos craques e tinha também muitos brucutus e pernas-de-pau.
A diferença técnica entre as
duas últimas seleções e as anteriores era o conjunto (repito, se
não existisse o Pelé).
As equipes de 70, 82 e também
de 94 eram mais organizadas taticamente do que as de 98 e 2002.
Não posso analisar a parte coletiva das seleções de 58 e 62 porque
só assisti aos melhores momentos.
Hoje, há tantas partidas na televisão, no mesmo horário, que já
existem especialistas em melhores
momentos.
A seleção de 94 tinha muitos excelentes jogadores, mas só um supercraque (Romário). Isso valoriza ainda mais as qualidades do
jogador. Se o Romário tivesse jogado nas seleções de 70, 82, 98 ou
2002, poderia ter brilhado ainda
mais. Ou seria o contrário? Há
controvérsias.
O grande número de torcedores
que detesta o Romário e acha que
ele nunca foi um craque vai protestar. Eles não acompanharam
toda a carreira do atacante e confundem o homem e o jogador, o
craque e o ídolo, o criador e a
criatura, a arte e o artista.
Romário nunca foi também o
meu ídolo, mas é um dos meus
craques preferidos.
Quando escrevi que ele foi o
mais genial centroavante do
mundo de todos os tempos, recebi
várias críticas dos leitores.
O mais genial não significa, necessariamente, que seja o melhor.
Talvez tenha sido o Ronaldo. Os
torcedores do Atlético-MG acham
que foi o grande craque Reinaldo.
É difícil saber quem foi o melhor. Só não aceito a opinião do
assessor de imprensa ou empresário do Adriano Chuva (atua no
Sport pela Série B), que certamente vai dizer que é o Chuva. Quase
todos os dias ele envia um e-mail
relatando as proezas do seu craque. Aí é demais, sem desmerecer
o jogador.
Aliás, peço aos propagandistas,
vendedores, marqueteiros e pessoas que não têm nada a ver com
o esporte para deixarem de congestionar e paralisar com tantas
mensagens comerciais o meu e
outros computadores.
Parafraseando o Chacrinha, no
mundo atual, quem não se anuncia e não tem um marqueteiro, se
trumbica ou desaparece.
Convocação
Só não entendi na primeira convocação para a estréia nas eliminatórias para a Copa de 2006 o
nome do Juan. Luisão ou Alex são
muito melhores. Os dois deveriam
estar presentes -sairia também
o Edmílson. Para mim, os outros
cinco que faltam seriam: Marcos,
Renato (do Santos), Alex (do Cruzeiro), Diego e Luis Fabiano.
Dos que foram titulares no
Mundial-2002, somente Rivaldo
não tem jogado, já que é reserva
do Milan. Porém o ex-jogador
Leonardo, diretor do clube italiano, informou ao Parreira que Rivaldo tem treinado muito e está
em boas condições físicas.
Por causa da idade, Cafu e Rivaldo deveriam ficar de fora das
eliminatórias?
Neste momento, penso que não.
No imaginário, ainda vejo o Cafu
no Mundial da Alemanha, em
2006, correndo e gritando: "Lança, lança". E muitas vezes chegando antes da bola.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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