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Sucesso causa surpresa a "caciques"
DA REPORTAGEM LOCAL
Conter a vaidade. Essa máxima
costuma ser apontada por dez entre dez atletas para ensinar o que é
necessário para se obter sucesso
em um esporte coletivo.
No caso de Sandra e Ana Paula,
a fórmula foi extrapolada também para a comissão técnica.
Quando decidiram se juntar, as
duas bateram o pé: queriam continuar com seus técnicos pessoais,
Marcelo del Negro, o Alemão, e
Marcos Miranda.
A idéia foi aceita, mas muitos
torceram o nariz e viram ali um
potencial calcanhar-de-aquiles.
"São dois caciques em uma
mesma tribo. Não existia nenhuma experiência assim, e muita
gente apostou que o projeto ia dar
errado. E, confesso, nem eu achei
que daria tão certo", afirma Ana
Paula, que é casada com Miranda.
Para os técnicos, o segredo da
parceria está na amizade, cultivada desde a adolescência, quando
jogavam na seleção carioca.
Terminada a fase de atleta, os
dois seguiram a mesma carreira e
traçaram trajetórias semelhantes.
Miranda foi assistente técnico
da seleção masculina de 1992 a
1996, quando viu o Brasil ser campeão olímpico e da Liga Mundial.
Findado o ciclo do técnico José
Roberto Guimarães, Miranda
passou o bastão para Alemão, que
auxiliou Radamés Lattari até os
Jogos de Sydney, em 2000.
"A gente se gosta, se respeita,
curte as mesmas coisas muito antes de Ana Paula e Sandra existirem", conta Alemão. "Mas a gente
sabia que seria importante deixar
a vaidade de lado para não prejudicar o trabalho e a amizade."
A preocupação foi transportada
para o dia-a-dia. As possibilidades de orientações táticas e técnicas às pupilas são sempre discutidas entre eles e, na maioria das vezes, coincidem.
Eles também encontraram uma
boa forma de dividir o trabalho
durante o Circuito Mundial. Enquanto um acompanha Sandra e
Ana Paula na quadra, o outro faz
as vezes de espião e tenta decifrar
os futuros adversários, passando
informações às atletas.
"Isso nos dá uma segurança
muito grande. Em vários jogos
nós não precisamos nem jogar.
Eles deram tudo mastigado, falaram o que o adversário iria fazer.
Já tínhamos até o plano B na cabeça", relembra Ana Paula.
(ML)
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