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De poucas palavras, Raikkonen diz que não tem amigos nem ídolos
DA REPORTAGEM LOCAL
Faz frio em São Paulo. Pontualmente às 18h03, Kimi Raikkonen
chega ao estande da Michelin no
Salão do Automóvel. De camiseta
e boné, o piloto de poucas palavras não esboça sorrisos para os
curiosos que cercam o local.
Também não demonstra sentir
frio. "Estou acostumado. Não
achei que a temperatura estivesse
assim, mas para mim tanto faz."
Cansado de ser conhecido na
categoria como Ice Man (homem-gelo, em inglês), tatuou no
pulso direito um sol negro.
(TC)
Folha - Defina Michael Schumacher em uma palavra.
Kimi Raikkonen - Não sei, ele é
um bom piloto, é rápido, mas
também precisamos levar em
conta que ele tem um carro bom e
uma equipe que trabalha para ele.
Não saberia como defini-lo em
apenas uma palavra.
Folha - Defina-se numa palavra.
Raikkonen - Eu? Não sei, é muito
difícil falar sobre mim mesmo.
Folha - Você acha que pode bater
Michael Schumacher?
Raikkonen - Claro. Já o derrotei
algumas vezes, em Spa [Bélgica]
neste ano, por exemplo. Tivemos
alguns problemas com o carro
durante a temporada, mas assim
que conseguirmos um equilíbrio
acho que daremos trabalho. Precisamos mudar, desenvolver o
carro e trabalhar muito, mas sei
que posso conseguir.
Folha - O que você conhece em
São Paulo?
Raikkonen - Muita gente [risos].
Nunca fui a lugar nenhum porque
sempre venho sozinho e somente
para o final de semana da corrida.
Tudo o que eu conheço é o hotel
em que fico, o aeroporto e a pista.
Folha - O que acha de Interlagos?
Raikkonen - Gosto muito. O
maior problema é que a pista é
muito ondulada. Mas é um circuito balanceado, que tem um pouco
de tudo. Subidas, descidas...
Folha - Quem estará lutando pelo
título em cinco anos?
Raikkonen - Não
tenho idéia. Acho
que ninguém tem
como saber isso.
Espero que eu esteja, mas não sei nem
se vou estar dirigindo até lá.
Folha - O que você
tem que outros pilotos não têm?
Raikkonen - Não
sei o que os outros
têm ou não têm.
Mas eu não gosto
de falar sobre mim,
acho isso difícil.
Folha - Quem
eram seus ídolos
quando era garoto?
Raikkonen - Nunca tive ídolos na F-1
ou no automobilismo. Eu assistia às
corridas, mas
acompanhava mais os times, já
que a Finlândia não tinha grandes
pilotos naquela época.
Folha - Sonhava em correr na F-1?
Raikkonen - Quando era pequeno não pensava nisso seriamente.
Até tinha essa idéia, mas nunca
achei que fosse muito realista. Comecei a pensar nisso mesmo só
em 2000, quando eu corria na F-Renault inglesa [foi campeão].
Folha - Como foi a sua estréia na
F-1? Ficou muito nervoso?
Raikkonen - Não muito. Pensando friamente, era uma corrida como outra qualquer.
Folha - O que achou das mudanças nas regras impostas pela FIA?
Raikkonen - Não sei. Acho um
pouco complicado essa coisa de
mudar as regras todos os anos.
Confunde o público e os pilotos.
Folha - Você é apontado como promessa
da F-1. Há pressão?
Raikkonen - Não.
Acho legal que as
pessoas achem que
sou o futuro da categoria. Acho que isso
é uma coisa boa, que
acaba me incentivando mais do que
atrapalhando.
Folha - Tem amigos
na categoria?
Raikkonen - Não.
Tenho colegas, mas
não são meus amigos, não sou amigo
de nenhum piloto.
Folha - Qual o melhor e o pior da F-1?
Raikkonen - A melhor coisa com certeza é correr. A pior
é perder a privacidade. Às vezes você quer sair e as
pessoas te reconhecem na rua, te
esperam fora dos restaurantes...
Folha - A categoria está chata?
Raikkonen - Não acho. Pelo menos para nós que estamos correndo. Claro que não há briga pelo
primeiro lugar muitas vezes, mas
para os que estão atrás a competição continua disputada.
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