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O MAIS QUERIDO
Xodó da torcida e líder em venda de camisas, uruguaio gaba-se de nunca ter sido expulso
Porrada canoniza Lugano no Morumbi
DA REPORTAGEM LOCAL
"Time sem vergonha", "pipoqueiro". Aos berros de torcedores revoltados, os atletas são-paulinos, de cabeça baixa, caminhavam em direção ao vestiário
do Pacaembu. O São Paulo acabara de empatar com o Cruzeiro
na estréia do técnico Leão.
Pouco depois, as ofensas cessaram. Assim como seus colegas, ele também descia de cabeça
baixa. Mas, ao contrário deles,
era ovacionado pela torcida.
"Lugano, Lugano", gritavam
para o zagueiro uruguaio de 24
anos que se transformou no
maior símbolo "antipipoca".
Com seus chutões, estilo viril,
duro, tipicamente uruguaio,
Diego Alfredo Lugano Morena
coleciona cartões no mesmo ritmo em que ganha fãs. Atualmente, no Brasileiro, ninguém
recebe mais amarelos do que ele.
Já foram 13, um a mais do que
Grafite, que vinha sendo o campeão de cartões do time.
Mas quem se importa?
Os rivais dizem que ele é desleal e violento. O treinador do
Atlético-MG, Mário Sérgio, referiu-se ao uruguaio como "o atleta mais sujo que já vi".
Os são-paulinos dão de ombros para a fama negativa . O importante é não pipocar. E Lugano foi endeusado. "É o deus da
raça", diz o homem-forte do futebol do clube, Juvenal Juvêncio.
"A torcida sofria com isso [o
rótulo de bambi] e agora não sofre mais. O Lugano representa
cada torcedor do São Paulo",
afirma o superintendente de futebol Marco Aurélio Cunha.
O "fenômeno" Lugano se reflete na venda de camisas. Depois que o ídolo Luis Fabiano
deixou o clube, a camisa 5 de Lugano tem sido a mais popular
entre os torcedores.
O zagueirão "caipira" da pequena Canelones aprendeu a
"descer a bota" logo cedo.
Jogava descalço nos terrões
uruguaios. Pouco tempo mais
tarde estava no Nacional, um
dos grandes do Uruguai.
Por indicação do empresário
Juan Figer, chegou ao São Paulo
no ano passado. Ninguém jamais o tinha visto jogar.
Ao desembarcar no clube, disse: "É a chance da minha vida,
não posso desperdiçá-la. Estou
no melhor futebol do mundo."
Ficou boa parte do ano passado na reserva. Neste ano, oscilou
entre o céu e o inferno.
Com a chegada de Cuca, perdeu espaço. Chegou a ser preso
no aeroporto de Cumbica antes
da viagem do time ao Equador
na Taça Libertadores por ofender um policial federal.
Aos poucos, porém, foi se firmando. Hoje é titular absoluto,
homem de confiança de Leão,
que chegou até a rir da "engrossada" de Lugano num treino.
A posição é usada para justificar a onda de cartões. "Sou o último homem. Se o atacante passar por mim, é gol ou quase gol.
Se eu faço falta, é amarelo ou advertência. Não dá para mudar
muito", diz ele, que faz 2,6 faltas,
em média, por jogo e se gaba de
jamais ter sido expulso.
O estilo o fez respeitado entre
os companheiros. Exerce liderança e é visto no clube como seguidor da linhagem uruguaia
que fez sucesso no Morumbi
com Forlán, Pedro Rocha e Dario Pereyra. "Não me vejo como
ídolo, mas apenas um profissional que busca o melhor", diz o
novo xodó são-paulino, que saboreia o momento de celebridade nos restaurantes uruguaios
de São Paulo.
(EAR)
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