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FUTEBOL
O fim de Maradona e o fim de Pelé
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os imortais Maradona e Pelé
irão morrer algum dia. Como serão essas tragédias? Só Deus
sabe, mas muita gente parece ter
a resposta após os últimos dias.
Eles estiveram internados com
problemas bem diferentes de saúde. O argentino, duas décadas
mais jovem, ainda está internado
e, pior, parece mesmo condenado.
Se não sucumbir nos próximos
dias ou meses, o máximo que terá, com transplante, sorte ou reza,
serão mais alguns poucos anos.
Já o brasileiro, que reparou um
problema até certo ponto antigo e
de bem menos gravidade que o do
desafeto hipertenso, é exemplo de
atleta e forte candidato a engordar o número de centenários do
país (cresce sensivelmente, segundo matéria da Revista da Folha).
As comparações entre Eles, dentro e fora de campo, sempre existiram. E nunca terão fim. As mortes dos dois, porém, até já foram
sugeridas (Maradona acabaria
na sarjeta, para não dizer algo
pior, e Pelé seria vítima de acidente de avião por viajar muito e
ter saúde de ferro), mas a comoção e a dramaticidade delas ainda não foram bem imaginadas.
A Argentina ama Maradona. O
Brasil parece não amar Pelé. Diego é tão querido por seu povo que
gerou até Igreja, cujos fiéis celebram o aniversário de Maradona
como Natal e vivem no ano 43
d.D. em homenagem à ""divindade" que fez os gols mais vistos e falados da história das Copas em
um intervalo de quatro minutos.
Pelé, que eu e a maioria do planeta entendemos ser o maior de
todos os tempos, dá nome a estádio, a CT, aparece sempre em comerciais. Já teve cargo político,
compôs músicas, virou personagem infantil, relacionou-se com
mulheres famosas, estrelou filmes, fez o diabo (bom sentido).
Apesar disso, muitos apostam que
o funeral de Maradona será um
"evento" bem mais concorrido.
O tema é mórbido, mas a morte
quase anunciada de Maradona e
as lembranças dos dez anos do
acidente fatal de Senna dão o
tom. Pelé ainda vai e faz uma das
poucas cirurgias de sua vida (fez a
primeira no joelho direito aos 58).
As gerações que acompanharam Maradona fazer maravilhas
ao vivo quase certamente verão
seu final. Em contrapartida, muitos que viram Pelé deslumbrar o
planeta ao vivo não estarão mais
entre nós na hora em que o "Rei"
infelizmente se "for" (amando ou
não, é eterno, como o filme).
Um pensador disse que vemos a
importância das pessoas em suas
mortes. Senna levou milhares de
pessoas às ruas e deixou milhões
atordoados com seu trágico fim
nas pistas mostrado ao vivo. Está
claro que quando Maradona partir o cenário será parecido. Uma
multidão o idolatra com fervor e
o seguirá até o final, mesmo com
os erros. Pelé, que nos acostumou
a ver equívocos do "Edson", talvez pague até na morte por isso.
O "Rei" já comprou jazigo no
cemitério vertical que dá vista para a Vila Belmiro. Maradona não
teve tempo para pensar onde quer
ser enterrado, mas seu querido
clube tem em mãos uma idéia.
Um empresário de serviços funerários e ex-dirigente projetou um
cemitério exclusivo para torcedores do Boca. O plano estava na
gaveta, e Maradona o ressuscitou.
O eterno Zidane!
E não é que o francês, que abriu a coluna passada, foi eleito o melhor
da Europa dos últimos 50 anos. O Monaco vai bem na Copa dos
Campeões, e o Olympique vai firme na Copa da Uefa. Viva la France!
O eterno Baggio!
E não é que o italiano, tema da coluna do dia 28 de março e craque
que está prestes a abandonar o futebol, deverá se despedir mesmo da
Squadra Azzurra em amistoso (contra a Espanha). Será na quarta.
O eterno freguês?
E não é que a Hungria, uma das poucas seleções do mundo que levam vantagem no confronto direto contra o Brasil, vai receber a empacada seleção de Carlos Alberto Parreira. Será na quarta.
E-mail: rbueno@folhasp.com.br
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