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Até data do fim da rebelião foi traçada na CBF
DO PAINEL FC
Entre as 16h30 e as 19h de terça-feira os principais cartolas do futebol brasileiro arquitetaram, em
detalhes, como seria o motim que
obrigaria o governo federal a recuar e a atenuar pontos do Estatuto do Torcedor que desagradavam ao establishment do esporte
mais popular do país.
Desde a criação de um fato noticioso de impacto (com transmissão ao vivo no "Jornal Nacional")
até a data do fim da rebelião, tudo
foi discutido na sala principal de
reuniões da sede da CBF, no Rio.
O dia do encontro, terça, foi escolhido de propósito. A pedido de
Ricardo Teixeira, Marco Antonio
Teixeira telefonou para Fábio
Koff. Disse que precisava que o
presidente do Clube dos 13 fosse a
uma reunião. O presidente da
CBF chamou Marcelo Campos
Pinto (Globo Esportes), Mario
Celso Petraglia (Atlético-PR) e as
federações de Rio, Paraná e Santa
Catarina. Koff convocou o resto.
Na sala de reunião, Ricardo Teixeira sentou-se em uma das cabeceiras. No lado oposto, charuto na
boca, o vascaíno Eurico Miranda.
O primeiro e único assunto do
encontro foi o Estatuto do Torcedor. Teixeira perguntou aos clubes o que eles achavam da nova
lei. Em seguida, Carlos Eugênio
Lopes (diretor jurídico da CBF)
entregou aos presentes um parecer em que afirmava que diversos
artigos da lei, como o 19 e o 37,
eram inconstitucionais.
Eurico foi o primeiro dos cartolas de clubes a falar com veemência. Até aí, não havia sido discutida a possibilidade de paralisação.
Era consenso que o establishment deveria buscar uma liminar
no Supremo Tribunal Federal,
alegando inconstitucionalidade
do estatuto. O vascaíno chegou a
dizer que um partido nanico poderia patrocinar a Ação Direta de
Inconstitucionalidade.
O vascaíno, então, disse que estava aproveitando a ocasião para
informar a CBF que seu time não
jogaria mais em São Januário -e
que reduziria a capacidade do estádio para 19,5 mil pessoas.
O ex-deputado disse ainda que
estava claro que a lei tinha como
alvos claros ele mesmo e Teixeira.
Que era uma caça às bruxas.
Teixeira só ouvia. O presidente
da Federação do Rio, Eduardo
Viana, o Caixa D'Água, afirmou
que havia duas alternativas. Ou
jogar com portões fechados ou
parar de vez. Teixeira brecou a
primeira opção, ponderando que
seria uma afronta ao governo.
Apesar de negar oficialmente, a
Globo Esportes, detentora dos direitos do Brasileiro e parceira da
CBF, apoiou a paralisação. Avaliava, assim como outros cartolas,
que só o fato político seria capaz
de fazer o governo negociar. Temia um Nacional decidido no tapetão, o que depreciaria seu principal e mais lucrativo produto.
A estratégia estava traçada: na
quarta, o ministro sentaria para
conversar. No máximo até sexta,
vitória assegurada, o motim teria
fim. O establishment anunciaria,
radiante, a volta do futebol, para a
alegria dos brasileiros. A cartolagem esboçou tudo. Só se esqueceu
de avisar o Planalto.
(FM E FV)
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