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Seleção B almeja a América em final marcada pelo ineditismo
Reservas jogam como azarões no Peru para dar a Parreira título inédito e dilatar jejum argentino
FERNANDO MELLO
ENVIADO ESPECIAL A LIMA
A primeira final Brasil x Argentina da história. A primeira decisão de 9 dos 11 titulares da seleção
B. O primeiro clássico sul-americano de sete deles. O ineditismo é
a marca do duelo que definirá
quem é a melhor equipe da América Latina, hoje, às 17h, em Lima.
O antes desacreditado time reserva de Carlos Alberto Parreira
encontrará no estádio Nacional
um adversário que enfrenta uma
das piores crises de sua história. E,
diante de um rival que não ganha
um título de expressão há 11 anos,
pode quebrar paradigmas e dar
novas conquistas ao já vencedor
currículo de seu técnico.
Com uma vitória hoje, o Brasil
será a primeira seleção a conquistar a Copa América com um time
reserva. Também se verá livre do
fantasma que representa a ausência de Ronaldo. Desde que o artilheiro surgiu para o futebol mundial, em 1994, o time não sabe o
que é uma taça quando seu maior
expoente não está em campo.
Com Ronaldo vestindo a 9, o
Brasil ganhou duas Copas do
Mundo (1994 e 2002) e duas Copas América (1997 e 1999). Sem
ele, acumulou fiascos, o mais simbólico deles na edição passada do
torneio continental (2001), quando foi eliminado por Honduras.
O triunfo contra a equipe A da
Argentina também terá gosto especial para Parreira. Até o torneio
no Peru, a performance dele na
Copa América era pífia -tinha
aproveitamento de 46% e enfrentou crises após as edições de 1983
e de 1993. Seria também o primeiro título da nova era Parreira.
Com a eventual conquista, o
treinador, que pediu a seus atletas
que se divirtam diante dos maiores rivais, ainda veria selado o sucesso de sua opção de risco para a
Copa América -com aval do
presidente da CBF, Ricardo Teixeira, deixou todos os titulares em
férias e apostou no que chama de
"geração da Copa-2010".
"Temos que ter objetivos na vida. O nosso era observar, pensar
no futuro. As pessoas têm que enxergar um palmo além do nariz.
Com o título ou não, foi bom para
todo mundo. Para mostrar que
nossa filosofia não tem nada de
errado", disse o treinador.
Para 9 dos 11 titulares hoje, a decisão da Copa América será a primeira chance de dar a volta olímpica com a camisa da seleção.
Apenas Alex, que ganhou a competição em 1999, e Kleberson,
pentacampeão em 2002, já ergueram um troféu pelo Brasil.
Alex, que ganhou a confiança de
Parreira, terá a chance de levantar
a taça pela primeira vez como capitão da seleção. "Já tive o privilégio quatro vezes com o Cruzeiro.
Quero sentir o gosto na seleção.
Não precisa de treino nem dói. É
só perguntar para o Cafu se ele
quer continuar levantando."
Dos 11 atletas que enfrentaram o
Uruguai na semifinal, só quatro já
viveram o desafio de pegar o arquiinimigo. "Sempre pensei como seria meu primeiro Brasil x
Argentina. Está chegando, e sei
que temos grandes chances de
vencer", disse o volante Renato.
A final inesperada, a primeira
"pura" entre os dois países na Copa América (antes decidiram só
em jogos extras ou em pontos
corridos), é motivo de festa para a
Confederação Sul-Americana e
para a Traffic, que montaram a tabela para ver Brasil x Peru hoje.
Na decisão do ineditismo, a avaliação geral é que apenas um time
tem a perder. O próprio presidente da Associação de Futebol Argentino, Júlio Grondona, disse
que não tem saída: se vencer, ganhou do time B; se perder, não
volta a Buenos Aires.
Mas o antes desacreditado Brasil, que se dizia satisfeito só em revelar talentos, quer mais. Quer fazer história e carimbar em Parreira a certeza de que a equipe B poderia ser A. Um time de primeira.
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