São Paulo, domingo, 25 de julho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

"Fila" da seleção, resultados ruins com o Brasil, críticas a Marcelo Bielsa e prioridade à Copa América viram pressão

Obrigação de vencer desafia a Argentina

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Argentina pode não ser favorita na decisão de hoje com o Brasil para alguns, mas é obrigada a vencer na opinião de todos.
Sem ganhar a Copa América desde 1993, a seleção argentina tem tido na gestão do técnico Marcelo Bielsa boas apresentações em amistosos e em longas disputas, como as eliminatórias da Copa do Mundo, mas tem fracassado em grandes torneios.
A pressão sobre o treinador cresceu muito após o fiasco no Mundial de 2002, quando o time caiu na primeira fase. Muito por isso, Bielsa fez questão de assumir de fato o time olímpico e conseguiu vaga nos Jogos de Atenas. Depois, decidiu levar seu time mais forte para a Copa América -na edição anterior, a Argentina nem quis disputar o evento.
Para tornar mais dura a "fila" argentina, o Brasil ganhou desde 1993 duas Copas (1994 e 2002) e duas Copas Américas (1997 e 1999). Nos confrontos entre os dois países, a seleção brasileira tem levado sistematicamente a melhor -venceu dois dos três duelos válidos por eliminatórias de Copa e despachou o rival das Copas América de 1995 e 1999.
Bielsa chegou a declarar antes do último duelo entre as seleções que "trocaria a liderança das eliminatórias por vitórias nos dois jogos com o Brasil" -já perdeu o primeiro, como na outra disputa.
"Evidentemente, o Brasil está melhor nos últimos anos. Conseguimos tirar a grande vantagem que a Argentina tinha no retrospecto entre os times. Na década de 40, o Brasil ficou quase dez anos sem ganhar deles", disse Carlos Alberto Parreira, cujo time bateu o rival por 3 a 1 no Mineirão pelas eliminatórias da Copa-2006.
O treinador brasileiro tem apontado a Argentina como favorita ao título desde o início da disputa e, antes da final, pediu a seus jogadores que se "divertissem" na decisão, passando ainda mais a responsabilidade para o rival.
Julio Grondona, presidente da Associação de Futebol Argentino, diz que sua seleção, como o Brasil, não levou força máxima ao Peru -citou Aimar, Verón e Riquelme- e minimizou eventual derrota. "Hoje em dia há pouca diferença entre os jogadores. Depois de Maradona, todos são iguais."
Porém na Argentina a expectativa é grande com o jogo de hoje. Bielsa fechou sua lista de convocados para Atenas em meio à Copa América, mas sabe que só terá tranqüilidade na Olimpíada, em agosto, e na seqüência das eliminatórias se superar o grande rival.
O treinador anunciou que sua equipe atacará com seis jogadores o Brasil. Pretende pressionar o adversário desde o início, mas não divulgou a sua escalação.
Segundo números do pesquisador Duílio Martino, o Brasil está a só uma vitória de igualar o retrospecto entre os países -são 39 triunfos brasileiros, 30 empates e 40 vitórias argentinas (166 gols argentinos e 157 brasileiros). Um tropeço hoje, mesmo em final e em clássico, seria catastrófico até historicamente para a Argentina.


Colaborou Fernando Mello, enviado especial a Lima

NA TV - Globo, ao vivo, a partir das 17h


Texto Anterior: Handebol: Seleção feminina do Brasil pega campeãs olímpicas
Próximo Texto: Para rivais, Brasil é o de menos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.