São Paulo, domingo, 25 de julho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para rivais, Brasil é o de menos

CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES

O clima entre os torcedores argentinos é mais de reconciliação com Marcelo Bielsa do que de rivalidade com o Brasil. O treinador passou toda a Copa América sendo criticado pelos torcedores e pela imprensa local.
Desde a goleada sobre a Colômbia, porém, o tratamento ficou mais ameno. A imprensa conseguiu até arrancar um sorriso do técnico, que tem fama de sisudo.
Na quinta-feira, a TV repetiu quase todo o dia a cena de um inesperado sorriso de Bielsa em uma entrevista. "Ele sorriu!", destacava o jornal TN Notícias.
Ontem, os jornais anunciavam as mudanças de Bielsa, que devolveu Ayala à zaga e sacou o atacante Figueroa, avançando Tevez.
O diário esportivo "Olé", normalmente irônico em relação ao Brasil, ontem deu mais destaque a um amistoso vencido pelo Boca Juniors que à final sul-americana.
Num dos textos, porém, perguntou "Amarilla ou Amarela?", citando o fato de o árbitro da final, o paraguaio Carlos Amarilla, ser casado com uma brasileira.
Mas só em declarações isoladas, como a de Mascherano, que a velha rivalidade volta ao foco. "O Brasil é uma equipe que tem muito jogo. Não tem a garra do Uruguai, mas isso é melhor porque vamos jogar mais com a bola. Não podemos negar que é uma seleção poderosa. Vai ser uma final linda", disse ao jornal "Clarín" o volante que, ao lado do brasileiro Adriano, é tido como a revelação do torneio pela mídia argentina.
Já a fórmula para vencer o Brasil, a julgar pelos debates na TV, é explorar o que os argentinos chamam de "a velha fragilidade da defesa brasileira".
"As duas equipes são as melhores, mas estou certo de que a Argentina vai ganhar. O Brasil não tem defesa", disse o torcedor Nicolás Castro, 29, que afirma ser um fanático do futebol e que vai se reunir com amigos para assistir à partida que o jornal "La Nación" definiu como "o grande choque".
Em entrevista ao "Clarín", o ex-técnico da Argentina César Luis Menotti disse estar certo da vitória. "Alex e Edu vão passar a bola para Adriano e Luis Fabiano, que não fazem futebol coletivo, pensam que existem só eles. São fracos na defesa, principalmente quando a bola chega de lado."
Outro ex-técnico da Argentina, Carlos Bilardo foi categórico. "Se tirarmos a bola do Brasil, o assunto está encerrado", afirmou.


Texto Anterior: Futebol: Obrigação de vencer desafia a Argentina
Próximo Texto: Memória: Vizinhos voltam a tratar o torneio como no passado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.