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COPA 2002
Seleção se expõe a fiasco em gramado ruim e só reage na etapa final
Em campo de areia, Brasil evita vexame no 2º tempo
DOS ENVIADOS A KUALA LUMPUR
Um jogo contra um adversário
fraco, pior até do que o time reserva da seleção usado contra o titular nos treinos coletivos, disputado em um campo digno de times
de várzea. Foi nesse cenário que o
Brasil se submeteu ao risco de um
vexame em seu último amistoso
antes da Copa-2002, ontem, eliminado apenas no segundo tempo, quando marcou todos os gols
da vitória por 4 a 0.
Embora se tratasse de um jogo
que não servia para nada, às vésperas do Mundial, o time se sujeitou a jogar num gramado cheio
de areia e esburacado, no estádio
Bukit Jalil, em Kuala Lumpur.
Como recompensa, a CBF
(Confederação Brasileira de Futebol) recebeu um cachê de US$ 1
milhão, um dos mais altos da fase
de preparação para a Copa.
Durante a semana, o time mudou de estádio quatro vezes em
quatro dias devido ao estado dos
centros de treinamento malaios.
A situação irritou jogadores, como foi o caso do atacante Edílson.
Além de reclamar dos campos, ele
criticou as bolas e disse que não
sabia o que o Brasil estava fazendo
na Malásia. Chegou a classificar
tudo como ""uma merda".
Ontem, a cada chute rasteiro, ou
mesmo quando os jogadores corriam ou escorregavam, formava-se uma nuvem de areia no campo.
A seleção jogou com o seu segundo uniforme, o azul, preferido
do técnico Luiz Felipe Scolari,
uma vez que o do time da casa era
amarelo. Foi o segundo amistoso
do treinador com o uniforme azul
-o primeiro havia sido contra a
seleção da Catalunha, no último
dia 18. Durante a Copa América-2001, Scolari chegou a optar pelo
azul, por uma questão de superstição, quando a classificação brasileira estava em risco.
A Malásia ocupa a 112ª posição
no ranking da Fifa -a pior classificação entre todos os adversários
que a seleção enfrentou em sua
preparação para a Copa.
O esporte mais tradicional no
país é o sepak trakaw, misto de
vôlei, futevôlei e arte marcial.
Mesmo assim, a equipe do Brasil não conseguiu sair do 0 a 0 no
primeiro tempo.
A melhor chance até os 26min
foi em uma jogada do zagueiro
malaio Sulong, que cabeceou em
direção ao seu próprio gol após
cobrança de escanteio de Ronaldinho, no terceiro minuto de jogo. A bola bateu na trave.
Depois, Ronaldo viria a ameaçar o rival ao receber, livre na
frente do gol, uma bola de Emerson. Ele concluiu certo, mas a defesa malaia interceptou a tempo.
Após a decepção na etapa inicial, Scolari mudou o esquema tático, abrindo mão de jogar com
três zagueiros, como insistia.
Ele substituiu Edmílson pelo
atacante Denílson, e o goleiro
Marcos deu lugar a Dida.
O time, enfim, conseguiu reagir.
Ronaldo, após quase três anos
sem conseguir fazer gol pela seleção, desencantou. Aos 7min do
segundo tempo, fez o primeiro
gol do Brasil na partida.
Ronaldo havia marcado pela última vez no dia 7 de agosto de
1999, na vitória de 4 a 2 sobre a Argentina, em Porto Alegre.
Logo depois de uma nova mudança promovida pelo treinador,
com a substituição de Kleberson,
Rivaldo e Ronaldinho por Kaká,
Edílson e Juninho, a seleção fez o
seu segundo gol.
O autor: Juninho, que recebeu
um passe preciso de Ronaldo e
chutou na saída do goleiro.
O esquema ""camaleão" voltou a
funcionar pouco depois. Novas
mudanças -Belletti, Júnior e Gilberto Silva substituíram Cafu, Roberto Carlos e Emerson-, novo
gol. Em ritmo de treino, Denílson
partiu do meio-campo, driblou
seu marcador e entrou livre na
área para fazer 3 a 0.
Edílson completou o placar
após matar a bola no peito dentro
da área e driblar um adversário,
aos 33min.
(FÁBIO VICTOR, JOSÉ ALBERTO BOMBIG E SÉRGIO RANGEL)
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