|
Próximo Texto | Índice
Brasil enfrenta hoje a zebra Turquia para alcançar a sua sétima final de Copa do Mundo
A maior barbada (ou a maior roubada)
CBF JÁ PLANEJOU A FESTA DO PENTA, E O PLANALTO NÃO ESTÁ CONVIDADO
FÁBIO VICTOR
FERNANDO MELLO
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
RODRIGO BUENO
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A SAITAMA
O poder está rompido com o
poder. A Copa do Mundo da Ásia
não foi capaz, pelo menos por enquanto, de reaproximar a CBF e o
Palácio do Planalto.
Mesmo antes de passar pela semifinal contra a Turquia, hoje, a
entidade já ameaçava tirar Brasília e, consequentemente o presidente Fernando Henrique Cardoso, do roteiro de comemorações
oficiais em caso de conquista da
Copa do Mundo.
Inaugurada em 1960, Brasília recebeu os campeões do Mundial
em 1962, 1970 e 1994. O encontro
dos jogadores e da comissão técnica com o presidente da República tornou-se parada quase obrigatória no retorno do time verde-amarelo a sua casa.
Neste ano, no entanto, o desgaste produzido por duas CPIs do
Congresso, ambas com o apoio
do governo, estremeceu a relação
entre a CBF e o centro do poder
em Brasília. Historicamente aliada ao PFL, a entidade também tomou as dores do partido na disputa que rachou a base de sustentação de FHC no Planalto.
O presidente da CBF, Ricardo
Teixeira, principal alvo das investigações do Parlamento, pretende
levar a seleção da Ásia para algumas capitais brasileiras, entre elas
Fortaleza, São Luís e Rio de Janeiro.
O discurso do dirigente é que
antes de deixar o poder, conforme
está programado para o ano que
vem, ele quer entregar a seleção
brasileira para o povo, evitando
assim o tradicional beija-mão palaciano de Brasília.
Amigos e assessores afirmam
ainda que Teixeira teme o uso
eleitoral da vitória brasileira pelo
candidato governista, José Serra
(PSDB), em detrimento de outros
candidatos a presidente em outubro.
Mas o cartola e seus aliados estão ressentidos com o presidente
Fernando Henrique Cardoso e
com o tucanato. Acham que o
Planalto fomentou duas CPIs que
terminaram sem provar crimes
supostamente cometidos pelo dirigente e uma campanha por sua
renúncia do cargo.
Do lado do Planalto, a Folha
apurou que FHC quer distância
de Teixeira e da cartolagem. O
presidente acha que imagem dos
dirigentes está associada à corrupção e ao descalabro. Um fracasso hoje -ou até mesmo domingo- pode ser creditado à administração do dirigente, condenada pela CPI do Futebol, no Senado.
O ex-ministro Carlos Melles
(Esporte), como o apoio do Executivo, comandou no final do ano
passado uma campanha pela saída de Teixeira da CBF. Segundo
ele, com o cartola, o Brasil não teria condições nem ambiente para
triunfar no Mundial.
Mesmo após a vitória do Brasil
sobre a Inglaterra, pelas quartas-de-final, FHC, que tem acompanhado com atenção de torcedor a
Copa, não enviou mensagens de
apoio ao time. Os jogadores reclamaram.
Antes, em 13 de junho, FHC assinou a medida provisória, com
base na CPI do Futebol, conhecida como "MP de moralização do
futebol", que contraria os interesses dos cartolas.
A seleção, em caso de fazer a final domingo que vem, embarca
para o Brasil no dia seguinte. Antes de chegar ao Rio, sede da CBF,
o vôo fretado da Varig poderá
passar por São Luís e Fortaleza.
Na primeira capital, o time conseguiu a classificação à Copa, em
novembro. Na segunda, se despediu de sua torcida rumo à Copa.
Próximo Texto: Voto em branco Índice
|