São Paulo, sábado, 26 de julho de 2008

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JOSÉ GERALDO COUTO

Vento sul


O show gremista em Florianópolis indica a ascensão de um campeão ou é só fogo de palha?


QUEM VIVE em Florianópolis aprendeu a respeitar o temível "vento sul", que chega de repente arrancando telhas, levantando saias e fazendo a temperatura despencar. O vendaval que varreu a capital catarinense na noite de anteontem veio do sul vestido de preto, azul e branco.
Como uma coluna avançada do exército farroupilha, o Grêmio veio, viu e venceu, aplicando sobre o atônito Figueirense a maior goleada do Brasileirão e assumindo a liderança do torneio. O estrago, portanto, chegou até a Gávea.
Não sei se o Grêmio vai durar no topo, mas é bom ver uma chuva de gols produzida por um time cujo técnico, o ex-colorado Celso Roth, sempre foi tido como retranqueiro.
A goleada em Florianópolis teve a força simbólica dos momentos de virada. A embriaguez inevitável do instante pode tanto impulsionar o tricolor gaúcho para cima como propiciar um tombo prematuro.
O interessante é que o arqui-rival do Grêmio, o Internacional, comandado pelo ex-tricolor Tite, também está em ascensão, graças em grande parte a esse esplêndido atacante chamado Nilmar.
Por algum motivo misterioso, foram raros os momentos em que os dois clubes gaúchos estiveram no topo ao mesmo tempo. Em geral prevalece uma espécie de efeito gangorra, em que um afunda enquanto o outro sobe.
Agora tudo indica que estamos na iminência de um desses períodos de exceção. Em uma ou duas rodadas, os irmãos Karamazov gaúchos estarão juntos no G4.

Diabo verde
A noite de quinta-feira estava mesmo propícia para os gols. Foram oito em Florianópolis e seis em São Paulo, onde o Palmeiras, como aquele folclórico desentupidor Diabo Verde (lembra?), ajudou o Santos a ir pelo ralo. Louvável a decisão da diretoria santista de manter o bom e íntegro treinador Cuca, mas vai ser difícil segurá-lo no cargo se o time não reagir imediatamente. Aliás, não é só o Santos que precisa bater o pé no fundo para subir em direção à superfície. Se o Fluminense e o Atlético-MG seguirem marcando passo, o segundo turno será mais emocionante na ponta de baixo do que na de cima da tabela.

Túlio, um brasileiro
Aos 39 anos, o único jogador que já foi três vezes artilheiro do Brasileirão resolve tentar outra carreira, a de político. Mas sem abandonar a primeira. Candidato a vereador em Goiânia, o atacante, se eleito, vai continuar jogando pelo Vila Nova. Mais que isso: o autodenominado Túlio Maravilha, atual vice-artilheiro da Série B, já disse que quer voltar ao Botafogo para marcar pelo alvinegro carioca, em pleno Maracanã, seu milésimo gol. Tudo isso, claro, sem deixar o almejado emprego na Câmara Municipal de Goiânia, que afinal fica a só 1.338 km de distância. Malandro e falastrão, Túlio tem tudo para se dar bem na nova carreira. Na declaração de bens que todo candidato a cargo eletivo é obrigado a fazer, ele disse ter apenas R$ 1 em sua conta bancária. Com isso se mostrou habilitado a ser um legítimo político brasileiro.

jgcouto@uol.com.br



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