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TÊNIS
Revés de dupla, ontem, sela derrota por 3 a 0 para Peru e faz país amargar fracasso inédito na Davis após boicote político
Brasil confirma desastre e cai à 3ª divisão
MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
O Brasil ratificou ontem na quadra o que havia sido desenhado
nos bastidores. O país está na terceira divisão da Copa Davis pela
primeira vez desde 1981, ano de
criação do Grupo Mundial.
Ronaldo Carvalho e Gabriel Pitta não ofereceram resistência a
Luis Horna e Ivan Miranda. O jogo de duplas terminou em foi 3
sets a 0 (6/2, 6/2 e 6/3), o mesmo
placar final do confronto.
O Peru, que entrou em quadra
com força máxima, safou-se do
rebaixamento. Enquanto isso, o
Brasil viu o, por enquanto, último
ato da pior crise do tênis.
No zonal americano da Davis,
há outras duas divisões abaixo da
que o país irá disputar.
No ano passado, com Gustavo
Kuerten, André Sá e Flávio Saretta, o país tropeçou no Canadá e
caiu para a segunda divisão.
Em fevereiro deste ano, liderados por Guga, os tenistas do país
iniciaram um boicote ao torneio.
O motivo: pediam a saída do presidente da Confederação Brasileira de Tênis, Nelson Nastás, acusado de irregularidades.
A partir daí, começou um entra
e sai na equipe, dificuldades para
encontrar atletas a fim de encarar
o desafio e uma série de derrotas.
Primeiro, para o Paraguai, depois
para a Venezuela, e o país ficou à
beira do abismo -na terceira divisão jogam países como Bahamas e República Dominicana.
Para tentar escapar, convocou a
terceira equipe com o terceiro capitão diferente, Carlos Alberto
Kirmayr. O mais bem ranqueado
do time era Carvalho, 25 anos e
439º do mundo. Coube a ele e Pitta, 24 e 734º, tentar o salvamento.
"Precisávamos do ponto de
qualquer jeito, eu entrei meio nervoso, mas a gente fez o que podia", afirmou Carvalho, que perdeu o jogo de simples para Miranda (215º). Pitta caiu diante de
Horna (34º). Hoje, entram em
quadra os tenistas que ainda não
jogaram, para cumprir tabela.
"O Guga foi operado. Quando
se recuperar, não só ele, mas outros seguramente vão se dispor à
próxima gestão", espera Kirmayr.
Um dos candidatos à eleição já
foi escolhido, José Farani. Apesar
de ser da situação, Nelson Nastás
diz que não o apoiará e que vai ficar neutro na sucessão.
O dirigente viu ontem o jogo
que fez o país desabar. As duas
quedas aconteceram em sua administração. Em 1996, sob sua
gestão, o país voltou ao Grupo
Mundial, a primeira divisão.
"Tudo foi feito com o intuito de
desestabilizar uma administração. Estou com a mesma sensação
que todos os brasileiros, queria
que o país não caísse."
Após chegar à terceira divisão,
Nastás encara novo problema.
Amanhã irá se pronunciar sobre o
relatório do TCU que sugere a
suspensão do repasse da verba da
Lei Piva à CBT. O dirigente, que
não poupa críticas a Guga e cia.,
os desafia porém a voltar à Davis.
"Se eles tiverem palavra, eles
voltam. Ouvi gente dizer que eles
jogariam se qualquer "zé mané"
assumisse a confederação. Então
é obrigação deles estar lá março
[mês limite para a eleição]."
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