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PARAOLIMPÍADA
País, que era sétimo até anteontem, se recupera, mas ruma para repetir fiasco técnico registrado em Sydney
EUA apostam em sprint contra vexame
FERNANDO ITOKAZU
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS
A divisão paraolímpica do
Usoc, o Comitê Olímpico dos
EUA, apresenta como sua missão
"ser o líder do movimento com o
desenvolvimento de programas
de elite para nossos atletas".
A prática, no entanto, está bem
distante da teoria. Até ontem, os
americanos ocupavam somente a
quarta colocação no quadro de
medalhas da Paraolimpíada de
Atenas, com 68 pódios -e 19 medalhas de ouro.
Uma posição decepcionante para um país que ostenta status de
potência esportiva. Na Olimpíada, mesmo desfalcados de várias
estrelas por conta do escândalo
Balco, os EUA permaneceram no
topo do quadro de medalhas.
Agora, se não conseguir se recuperar até o encerramento do
evento, terça, será sua pior posição desde o início da competição,
em 1952. Desde então só duas vezes (em 1972 e em 2000) os EUA
não ocuparam o topo da tabela.
O desempenho bem abaixo do
histórico, porém, parece não
preocupar o Usoc. "Estamos vivendo fase de transição", afirmou
o porta-voz da entidade, Kevin
Neuendorf. "Com a nova geração
substituindo a mais antiga é normal acontecerem oscilações."
Os EUA, que, anteontem ocupavam apenas o sétimo lugar do
quadro de medalhas, comprovaram a expectativa de melhora ontem, quando ganharam treze medalhas, das quais seis em natação
e cinco em atletismo.
A delegação norte-americana
deposita em uma arrancada final
a esperança de sair de Atenas pelo
menos entre os top 3.
A transição pode ser usada como justificativa para o desempenho na Grécia, mas não para explicar os resultados de Sydney,
quando o país conquistou 36 ouros, 34 pratas e 109 bronzes, mas
amargou a quinta posição, a pior
de sua história na Paraolimpíada.
"Deixamos de vencer algumas
provas por causa do crescimento
dos outros países", afirmou
Neuendorf. Ele citou como exemplo ex-repúblicas soviéticas.
O fraco desempenho dos EUA
impressiona ainda mais pelo aspecto cultural do país. De acordo
com o Usoc, existem nos EUA
cerca de 54 milhões de portadores
de deficiência -o Brasil, segundo
dados de 2000 do IBGE, tem 24,5
milhões-, alvos de campanhas
para que pratiquem esportes.
Os EUA atravessam a sua fase
paraolímpica mais delicada justamente quando seu maior ícone do
sucesso na competição anuncia
sua aposentadoria.
Em 80, a nadadora Trischa Zorn
ficou a um centésimo da vaga para o time olímpico. Os EUA boicotaram os Jogos de Moscou, mas
foram à Paraolimpíada de Arnhem (HOL). Lá, Trischa, que
nasceu com problema na íris, iniciou sua coleção de 54 pódios (41
ouros, 9 pratas e 4 bronzes).
Em Atenas, Trischa, 40, ganhou
o bronze nos 100 m costas e foi finalista dos 200 m medley, prova
em que foi batido seu recorde
mundial de 90. "A marca durou 14
anos. Era hora de a quebrarem."
O jornalista Fernando Itokazu viaja a
convite do Comitê Paraolímpico Brasileiro
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