|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
POLÍTICA
Viagem de Queiroz e Paula ao Pan custará R$ 22 mil aos cofres públicos
Cortesia do COB gera ônus extra de R$ 4 mil à União
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
Ao contrário do que enfatizou
Agnelo Queiroz em nota à imprensa, o gesto de "educação" utilizado pelo Comitê Olímpico Brasileiro para justificar o pagamento
da hospedagem do ministro do
Esporte e da então secretária Paula durante o Pan-Americano de
Santo Domingo gerará um ônus
extra de R$ 4.282,34 à União.
O valor é resultado da soma entre as diárias adiantadas pelo governo a Queiroz e Paula com o dinheiro que será ressarcido ao
COB, descontada a quantia que
será restituída ao Tesouro Nacional pelos dois políticos.
Se o comitê não tivesse bancado
as hospedagens dos representantes da pasta, o ministério teria gasto com Queiroz e Paula um total
de R$ 18.063,41 -o ministro recebeu R$ 11.112,00, e a ex-secretária
de Alto Rendimento, R$ 6.951,41,
para cobrir custos com hotel, alimentação e transporte na República Dominicana. Os dados foram obtidos no Siafi, o Sistema
Integrado de Administração Financeira do Governo Federal.
A conta, nesta semana, ficou
mais salgada para a pasta com o
menor orçamento da Esplanada
dos Ministérios. O total da viagem
dos dois políticos, agora, será de
R$ 22.345,73 porque:
1) o COB receberá restituição de
R$ 13.194,02 - R$ 5.614,21 pela
estadia de Paula, e R$ 7.579,81 pela hospedagem do ministro;
2) a verba das diárias cairá para
R$ 9.151,71 com a devolução de
50% da quantia adiantada. Queiroz depositou na quinta na conta
única do Tesouro Nacional um
cheque de R$ 5.436,00, e Paula, no
acerto de contas de sua exoneração da pasta, terá descontada a
quantia de R$ 3.475,70.
Somados, os dois itens superam
em R$ 4.282,34 o valor original.
Na última quarta-feira, 65 dias
depois do fim do Pan-Americano,
Queiroz admitiu que sua hospedagem na República Dominicana
foi paga pela entidade de Carlos
Arthur Nuzman. Alegou que só ficou sabendo do fato após "alerta"
de Paula e determinou investigação interna sobre o assunto.
Anunciou ainda que ele e Paula
reembolsariam a União em 50%
das diárias, de acordo com um decreto federal de 2000, e que o comitê receberia de volta tudo o que
gastou no hotel Jaragua.
Se, para o ministério, a viagem
saiu mais cara que o previsto, serviu para que o COB conseguisse
sua primeira liberação de verba
na gestão Queiroz.
Como mostrou a Folha ontem,
o Ministério do Esporte firmou
um convênio de R$ 815.237,20
com o comitê durante a disputa
dos Jogos de Santo Domingo. A liberação da verba, que viabilizou a
viagem de atletas à Universíade,
na Coréia do Sul, ocorreu em 18
de agosto, apenas um dia após o
encerramento do Pan.
O valor do gasto extra gerado ao
Ministério do Esporte pela cortesia do COB é quase o mesmo do
que envolveu a polêmica viagem
da ministra Benedita da Silva (Assistência Social) a Buenos Aires.
Na ocasião, a ministra foi à capital argentina para um encontro
evangélico, com passagem aérea
bancada pela União. Após ser
aconselhada pelo presidente nacional do PT, José Genoino, e pelo
controlador-geral da União, Waldir Pires, Benedita devolveu R$
4.676 aos cofres públicos.
Os recentes casos envolvendo
Benedita e Queiroz fizeram o Palácio do Planalto agir. Depois de
conversar com o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, o ministro
José Dirceu (Casa Civil) ordenou
aos secretários-executivos das
pastas um maior critério nos gastos com transporte aéreo, tamanho de comitivas, diárias de hotel
e motivos de viagem.
Texto Anterior: Saiba mais: Para ministro, foi trabalho; para ex-atleta, passeio Próximo Texto: Outro lado: Para ministério, prejuízo é culpa do Congresso Índice
|