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FUTEBOL
Questão técnica
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os técnicos brasileiros vivem decisivo momento.
Na sombra de Luiz Felipe Scolari,
que alcançou uma seleção competitiva na Europa, vários profissionais do país buscam espaço em
regiões periféricas da bola, lutando contra o esquecimento, desfavoráveis condições de trabalho e o
preconceito contra o treinador
nascido no país pentacampeão.
Márcio Máximo Barcellos, primeiro técnico brasileiro a assumir
um time britânico, deixou o comando do Livingston, da Escócia,
após quase quatro meses de trabalho. A pequena fresta na porta
que se abriu logo se fechou. O Reino Unido valoriza ainda só um
tal Francisco Filho, treinador das
divisões de base do Manchester
United. Ele nasceu no Brasil, mas
fez a carreira na França.
Recentemente também, Ismael
Kurtz perdeu seu lugar na seleção
de Angola. Djalma Cavalcante,
que havia obtido melhores resultados por lá, também fora sacado.
A adoração africana pelo "futebol
canarinho" tem limite agora. Antonio Dumas foi bombardeado
por "naturalizar" vários atletas
brasileiros para a seleção de Togo.
E Ernesto Bolo, ex-assistente de
Dumas, passa por duro teste em
São Tomé e Príncipe.
Cabralzinho foi até campeão
africano com o Zamalek, do Egito, mas não conseguiu atravessar
o mar Mediterrâneo e apostou,
como outros conterrâneos, no futebol árabe. O Al-Arabi, time que
ele dirige e que conta com Batistuta, perdeu para o Al-Ahli de Pepe no Qatar, por exemplo. O mercado por lá aceita bem brasileiros,
mas poucos vencem o ostracismo.
Enquanto Paulo César Carpegiani goza de seu status internacional na seleção do Kuait, Giba
teve que se contentar com o Kuwait Club, um time de segunda. O
brasileiro que brilhou no Paraguai é saudado pela Fifa pela boa
campanha do Kuait nas eliminatórias da Copa da Ásia. O país ascende no ranking de seleções e figura agora em 50º lugar.
Os elogios ao trabalho de Carpegiani no Oriente Médio ainda
não foram dados a Paulo Autuori
no Peru e a Zico no Japão. Ambos
trabalham pensando em 2006,
mas não podem se dar por seguros até o fim de 2004 (a Copa
América e a Copa da Ásia podem
destroná-los, e a Eurocopa deve
pautar o futuro de Felipão).
Fora do país, a maioria dos técnicos brasileiros busca "só" dinheiro e salário em dia. Na já não
tão rica J-League, muitos dão sequência à carreira, como Nelsinho Baptista no Nagoya. Mas
mesmo os que vencem não dão o
salto que os treinadores argentinos deram faz tempo. Cerezo, do
Kashima Antlers, pode ganhar no
dia 3 pela terceira vez a Copa Nabisco. Ele já faturou duas ligas e
uma Copa do Imperador. Grande
currículo, pouco reconhecimento.
Imagina então quem se dispõe a
ganhar seu pão no Vietnã (Edson
Tavares, Edson Silva e Luciano de
Abreu). E os que embarcam em
projetos de filiais, como José Alves
Borges e Lamartine da Silva, do
São Paulo da Tailândia. O planeta está repleto de Renês Simões
(Copa com Jamaica) e Alexandres Guimarães (Copa com Costa
Rica) que não vingaram.
A técnica nacional é invejada.
Já o técnico...
Questão técnica 1
João Paulo de Campos assumiu time europeu: Torpedo da Geórgia.
Questão técnica 2
Do nada Jairzinho foi chamado para a seleção do Gabão. A imagem
de "Furacão da Copa" pesou.
Questão técnica 3
Marcos Falopa, brasileiro que era diretor técnico na Concacaf, dá as
cartas na sede da Copa-2010: a África do Sul.
Questão técnica 4
A Fifa discutirá qualidade das bolas no dia 14. Cinco marcas estão na
pauta. Uma é brasileira: a Penalty.
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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