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Endinheirada, natação amarga um único brasileiro top
Mesmo com investimento recorde, modalidade chega a Pequim com somente Thiago Pereira, nos 200 m medley, entre os cinco melhores da temporada
MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A MACAU
No último ciclo olímpico, a
natação brasileira recebeu
aporte recorde de verba, blindou seus principais atletas e
obteve resultados inéditos. A
medida real do sucesso será tirada a partir de 9 de agosto, na
Olimpíada de Pequim.
Se os nadadores do país aprimoraram suas braçadas, o resto
do mundo nadou ainda mais rápido. O Brasil chega para a reta
final de preparação no Centro
Olímpico Aquático de Macau
com apenas um nome entre os
cinco melhores do ano.
Thiago Pereira ocupa tal posição nos 200 m medley. O brasileiro, que brilhou no Pan do
Rio, no ano passado, é o sétimo
nos 400 m medley. As duas provas têm como líder e recordista
mundial o fenômeno Michael
Phelps -suas marcas foram
obtidas na seletiva olímpica
norte-americana.
"Não dá para pensar em
Phelps. Avalio meus outros rivais. Eles fizeram o que era esperado nas seletivas dos EUA e
da Europa. Na Olimpíada, terão
de nadar ainda melhor para ganhar uma medalha", analisa o
brasileiro, referindo-se a outro
americano, Ryan Lotche (segundo do ranking), e ao húngaro Laslo Cseh (terceiro).
Nos 400 m medley, Thiago
fez neste ano tempo quase cinco segundos mais lento que
Cseh. Nos 200 m, menos de um
segundo o separa do rival.
"A natação foi bem na década
de 90, com Gustavo Borges e
Fernando Scherer. Em Atenas,
não conquistou nenhuma medalha. É normal que a pressão
sobre nós aumente. Na minha
primeira Olimpíada, eu estava
mais ansioso. Agora, mais maduro, consigo lidar melhor com
isso", afirma Thiago, quinto
nos 200 m medley em 2004.
Nos Jogos gregos, a natação
ficou sem ir ao pódio pela primeira vez desde 1988. Por outro lado, atingiu cinco finais
olímpicas, mais do que o dobro
obtido em Sydney-2000.
Em Pequim, a Confederação
Brasileira de Desportos Aquáticos acredita ter a equipe mais
preparada e versátil da história.
O que põe sob pressão Thiago
Pereira, Kaio Márcio e César
Cielo, focos de cuidados especiais: mais verba, mais atenção
e até a importação de técnico
estrangeiro para garantir que
eles tenham o melhor desempenho possível na China.
Principal velocista do país,
Cielo aparece em nono no ranking dos 100 m livre e em oitavo
nos 50 m livre -dois atletas à
sua frente, porém, não obtiveram vagas em suas seletivas.
Suas provas assistiram neste
ano a uma avalanche de quebras de recordes mundiais.
Em fevereiro, Eamon Sullivan superou a marca de 21s64
dos 50 m livre que pertencia ao
russo Alexander Popov desde
2000. Seus 21s56 duraram pouco mais de um mês, até o francês Alain Bernard cravar 21s50.
Pouco depois, Sullivan superou
a marca mais duas vezes e finalizou em 21s28.
"As marcas me deixaram um
pouco assustado na hora. Mas
eu sempre estive no nível desses nadadores, já ganhei deles,
sei que posso melhorar meus
tempos também", diz Cielo.
Situação mais complicada vive Kaio Márcio. Seus tempos
nos 100 m e nos 200 m borboleta não o colocam nem entre os
dez melhores da temporada.
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