|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
XV de Piracicaba, que tem parceria com time da capital, lanterna do Brasileiro, pode cair para a Série C em 2003
"Palmeiras caipira" agoniza na Série B
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
Cara de um, focinho de outro.
Essa definição cabe bem para Palmeiras e XV de Piracicaba nos
dias de hoje.
A má fase do primeiro parece
ter contaminado o segundo. Um é
grande, rico e tem muitos jogadores. O outro é pequeno, está endividado e tem atletas modestos.
O grande, então, decidiu ajudar
o pequeno. Emprestou alguns jogadores que não estava aproveitando para que o outro ficasse
mais forte. Viraram parceiros.
Parceiros de uma agonia que
parece não ter fim.
O Palmeiras, o grande, é o último na Série A do Campeonato
Brasileiro, o XV de Piracicaba, o
nanico, 24º na Série B. Os dois estão seriamente ameaçados pelo
rebaixamento em 2003.
Mas o time do interior culpa o
"primo rico" pela campanha vexatória no torneio.
"Eu acho que nós começamos o
campeonato sem muita estrutura.
No início, o Palmeiras mandou
jogadores que não corresponderam", afirma Renato Bonfiglio,
que deixou a presidência do clube
piracicabano na semana passada.
O motivo alegado foi a falta de
apoio dos empresários da cidade
ao time. "Agora quero convocar
eleições no clube, criar um conselho deliberativo e fiscal", afirmou
o dirigente que, ao contrário do
colega palmeirense Mustafá Contursi, diz ter o apoio dos torcedores para seguir no cargo.
Enquanto isso, o XV de Piracicaba será dirigido pelo ex-árbitro
João Paulo Araújo, secretário de
Esportes da cidade.
Em sua gestão, que começou
em abril deste ano, Bonfiglio firmou a parceria com o clube do
Parque Antarctica, que vai até o final do ano. Chegaram 11 jogadores do time B e dos juniores do
Palmeiras. Cinco foram dispensados por deficiência técnica.
Seis são titulares, com destaque
para o volante Célio, que já foi titular no time palmeirense.
Assim como o clube da capital, a
versão "caipira" do Palmeiras
também trocou de técnico três vezes neste Nacional.
Como Wanderley Luxemburgo,
que saiu do Palmeiras para ganhar mais no Cruzeiro, Paulo
Campos, que treinava o time B do
Parque Antarctica, trocou o XV
de Piracicaba pelo futebol árabe.
Outra coincidência entre os dois
clubes é que há mais de uma década não realizam eleições presidenciais. Enquanto o Palmeiras é
comandado com mão-de-ferro
por Mustafá Contursi, o futebol
do time de Piracicaba foi dirigido
por empresas, como a de marketing esportivo Player.
A Player, aliás, é apontada por
dirigentes do XV como a principal responsável pela dívida do
clube, que chega a R$ 2 milhões.
A parceria com os palmeirenses, pelo menos, aliviou a folha de
pagamento do time do interior,
que é de R$ 35 mil mensais. O Palmeiras paga o salário de seus seis
atletas. O vencimento do restante
do grupo é pago com os R$ 15,5
mil que o XV recebe de patrocinadores (Unimed, RST e Semae).
"Mas tive que colocar cerca de
R$ 20 mil por mês do meu bolso
para cobrir os gastos do clube."
Apesar da situação agonizante,
Bonfiglio diz ser contra a virada
de mesa, assim como Contursi.
"Caiu, caiu. Mas eu acho ainda
que podemos até enfrentar o Palmeiras no ano que vem."
Texto Anterior: Goleiro marca e quebra jejum de seis meses Próximo Texto: Parceria entre Chedids e Eurico leva Bragantino à terceira divisão Índice
|