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Pinheiros não quer ser um novo Vasco
Ao contrário de clube do Rio, dominante em Sydney, agremiação forma e leva atletas para treinar em suas dependências
Objetivo de projeto paulista é utilizar olímpicos como
ícones para atrair e interagir com sócios e praticantes
das suas modalidades
Caio Guatelli/Folha Imagem
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Jadel Gregório, salta no Pinheiros
DA REPORTAGEM LOCAL
Em 1999, o nadador Gustavo
Borges deixou o Pinheiros e se
transformou em nadador do
Vasco. Foi um dos 84 membros
da equipe vascaína na Olimpíada de Sydney. Seus treinos, porém, continuaram a ser na Flórida: só usava o uniforme do
Vasco em torneios nacionais.
Em 2008, o triplista Jadel
Gregório trocou o BM&F pelo
Pinheiros. Será um dos 24 atletas do clube já confirmados na
Olimpíada de Pequim. Após fechar seu contrato, passou a
treinar por três horas, todos os
dias, na agremiação paulistana.
Não é exemplo único. Entre
os esportistas olímpicos do clube, são exceções as ginastas
Laís de Souza e Daiane dos Santos, que seguem treinando no
Paraná com a seleção, e alguns
nadadores como César Cielo.
Os outros atletas formados
ou contratados realizam pelo
menos alguns dos treinos semanais no clube paulista.
"Duas ou três vezes por semana, subo a serra para o treino no clube, que é o mais forte
do país. Além disso, a estrutura
é fantástica e há conforto. O
clube se encarrega até de lavar
o meu quimono", contou o judoca Leandro Guilheiro, bronze na Olimpíada de Atenas-2004 na categoria até 63kg.
Como Guilheiro, boa parte
dos atletas não foi formada no
Pinheiros. Mas vários deles se
desenvolvem em suas dependências graças a técnicos de renome e à infra-estrutura.
"Tinha até boas condições de
treino em São Caetano. Mas
vim por causa do treinador porque sabia que era um dos melhores", contou a nadadora Tatiana Sakemi, classificada para
os 4 x 100 m medley.
Além da infra-estrutura, o
projeto de longo prazo seduz os
atletas. A nadadora Flávia Delaroli está há sete anos no clube. O judoca Denílson Lourenço, há dez anos.
Ambos chegaram ao clube
quando ainda não tinham obtido resultados significativos no
adulto. Mas se desenvolveram
para chegar à seleção.
"Todos os meus resultados
foram aqui. Antes, tinha ido a
um Pan, em 1999. Mas o desenvolvimento forte foi no Pinheiros", contou Delaroli.
A nadadora tornou-se sócia
do clube, assim como Lourenço. Praxe no Pinheiros, tornam-se sócios os atletas com
sete anos no clube ou com uma
medalha olímpica no peito.
"Quando o São Paulo encerrou as atividades, um dos seus
conselheiros me trouxe para cá
onde venho treinar há dez
anos", contou Lourenço.
Vários dos atletas têm interação com os sócios, o que, pelo
plano do clube, incentiva o aumento da prática de suas modalidades. "Sempre tem umas
crianças batendo palmas no
treino", observou Jadel.
Só após a contratação de
Daiane houve uma expansão de
80 atletas na escolinha de ginástica do Pinheiros, embora a
atleta não treine no clube.
"Cada clube tem a sua característica. Nós damos prioridade
à formação dos atletas", afirmou o presidente do Pinheiros,
Alberto Moreno Neto.
O cartola contou que pretende manter a estrutura e o projeto do clube após a Olimpíada,
em agosto, independentemente do resultado. Quer aumentar
o número de medalhistas olímpicos do clube -hoje são quatro- assim como o de participantes em Jogos.
Tanto que o clube tem incrementado alguns de seus equipamentos -a pista foi reformada no ano passado. Há a intenção no Pinheiros de instalar
centros para treinamentos de
jovens atletas fora do clube,
provavelmente na periferia.
(LUÍS FERRARI E RODRIGO MATTOS)
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