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FUTEBOL
Vale tudo
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Dinheiro é bom, todo mundo gosta e, mais do que em
qualquer outra fase já vivida pelo
futebol mundial, é hora de fazer
algo para ganhar alguma grana.
São tantos exemplos de negócios estranhos nesta pré-temporada na Europa que não sei por onde começar. Poderia falar das ligas principais logo de cara para
deixar claro que a crise está em
toda parte, mas todo mundo já
sabe disso há vários meses.
Então vou descrever casos meio
sem ordem, que é como está mesmo o futebol neste século.
Na Romênia, o UT Arad subiu
para a primeira divisão, mas vendeu sua vaga na elite do futebol
do país. Segundo o presidente do
clube, não há dinheiro para pagar os jogadores. Na temporada
passada, o Baia Mare já tinha feito isso no Campeonato Romeno.
Ainda no país de Hagi, o AEK
Bucareste também subiu, mas teve que mudar de cidade (Timisoara) e de nome (Politehnica)
para sobreviver e jogar na elite.
O Español, que viu com tristeza
a demolição do estádio Sarriá nos
anos 90, teve que aplicar o dinheiro ganho com isso na Prefeitura
de Barcelona, pois alugou, por
cinco anos, o estádio Olímpico.
O Bayern de Munique fechou
contrato com o canal DSF e vendeu seus amistosos. Agora fará
uma série de jogos tolos para ganhar 50 mil em cada um.
Na Escócia, os mais que rivais
Celtic e Glasgow Rangers estão de
mãos dadas. Ambos dividem patrocínio da empresa NTL, que
não será mais renovado. Os dois
tentaram jogar na Premier League na Inglaterra -não conseguiram- e hoje correm atrás de
outro patrocinador comum
(acham que assim ganham mais,
pois "dividem" o público escocês).
Em Portugal, quase a mesma
coisa. O banco Espirito Santo está
salvando Benfica e Sporting, especialmente, e também o Porto, em
menor grau. Isso porque aceitou
pôr US$ 2 milhões nos três times
nas próximas duas temporadas
-é parceiro das equipes de Lisboa e co-patrocinador do Porto.
O Napoli aprovou suas contas
da temporada passada. Teve até
festa, pois houve uma perda de
"apenas" 28,6 milhões.
A Sampdoria havia sacado do
uniforme o nome da empresa petrolífera ERG, mas por 500 mil
por ano a marca está de novo no
clube. A Inter, com nova camisa
amarela, como a da seleção brasileira (Ronaldo!), lança também
cartão de crédito (InterCard). Já
Atalanta, Brescia, Chievo, Como,
Empoli, Modena, Piacenza e Reggina fizeram um consórcio, o Plus
Media Trading, para lucrar um
pouco mais das TVs e respirar no
mais caro futebol.
Na Espanha, Real Madrid e
Barcelona sofrem pressão dos pequenos, que querem fatias maiores do bolo. Os dois grandes têm
contratos até 2007/2008 com, respectivamente, Canal Satelite Digital ( 390 milhões) e Via Digital ( 366 milhões) e negociam
por conta própria. Os demais já
estão negociando conjuntamente,
mas querem ganhar nos confrontos com os gigantes.
Se a Juventus já passou 7,5% de
suas ações para Al-Saadi Gadaffi
e aceitou jogar a Supercopa da
Itália na Líbia (terra da família
Gadaffi), a ascendente Triestina
está para ceder 25% de suas ações
ao filho de Muammar Gadaffi.
Na Inglaterra, o Chelsea teve
que cancelar a excursão à China,
e o Everton fechou com um parceiro da China (Kejian). Agora,
vale até dançar homem com homem e mulher com mulher.
Europeus
O Real Madrid (que espera São Caetano ou Olimpia para a disputa
do Mundial interclubes) fechou com a alemã Siemens IC Mobile.
São 12 milhões por temporada, o maior contrato de patrocínio
do gênero -antes ganhava da Teka menos de 3,5 milhões. Curioso é que a Siemens já patrocina Lazio, Olympiakos, Bordeaux e
Aalborg. E co-patrocina Inter, Juventus, Milan, Bayern, Borussia
Dortmund, PSG, Lyon, Ajax, Feyenoord, Liverpool, Leeds...
Neozelandeses
Os jogadores da seleção queriam 50% dos ganhos da federação. Os
dirigentes ofereceram 30%. Houve acordo: 40%.
Árabes
Bruno Metsu, técnico do Senegal na Copa, teria ganho US$ 1 milhão para assumir o Al Ain (Emirados Árabes). Carlos Alberto Torres teria recusado US$ 12.500 por mês do Zamalek (Egito).
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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