São Paulo, domingo, 28 de julho de 2002

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FUTEBOL

Vale tudo

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Dinheiro é bom, todo mundo gosta e, mais do que em qualquer outra fase já vivida pelo futebol mundial, é hora de fazer algo para ganhar alguma grana.
São tantos exemplos de negócios estranhos nesta pré-temporada na Europa que não sei por onde começar. Poderia falar das ligas principais logo de cara para deixar claro que a crise está em toda parte, mas todo mundo já sabe disso há vários meses.
Então vou descrever casos meio sem ordem, que é como está mesmo o futebol neste século.
Na Romênia, o UT Arad subiu para a primeira divisão, mas vendeu sua vaga na elite do futebol do país. Segundo o presidente do clube, não há dinheiro para pagar os jogadores. Na temporada passada, o Baia Mare já tinha feito isso no Campeonato Romeno.
Ainda no país de Hagi, o AEK Bucareste também subiu, mas teve que mudar de cidade (Timisoara) e de nome (Politehnica) para sobreviver e jogar na elite.
O Español, que viu com tristeza a demolição do estádio Sarriá nos anos 90, teve que aplicar o dinheiro ganho com isso na Prefeitura de Barcelona, pois alugou, por cinco anos, o estádio Olímpico.
O Bayern de Munique fechou contrato com o canal DSF e vendeu seus amistosos. Agora fará uma série de jogos tolos para ganhar 50 mil em cada um.
Na Escócia, os mais que rivais Celtic e Glasgow Rangers estão de mãos dadas. Ambos dividem patrocínio da empresa NTL, que não será mais renovado. Os dois tentaram jogar na Premier League na Inglaterra -não conseguiram- e hoje correm atrás de outro patrocinador comum (acham que assim ganham mais, pois "dividem" o público escocês).
Em Portugal, quase a mesma coisa. O banco Espirito Santo está salvando Benfica e Sporting, especialmente, e também o Porto, em menor grau. Isso porque aceitou pôr US$ 2 milhões nos três times nas próximas duas temporadas -é parceiro das equipes de Lisboa e co-patrocinador do Porto.
O Napoli aprovou suas contas da temporada passada. Teve até festa, pois houve uma perda de "apenas" 28,6 milhões.
A Sampdoria havia sacado do uniforme o nome da empresa petrolífera ERG, mas por 500 mil por ano a marca está de novo no clube. A Inter, com nova camisa amarela, como a da seleção brasileira (Ronaldo!), lança também cartão de crédito (InterCard). Já Atalanta, Brescia, Chievo, Como, Empoli, Modena, Piacenza e Reggina fizeram um consórcio, o Plus Media Trading, para lucrar um pouco mais das TVs e respirar no mais caro futebol.
Na Espanha, Real Madrid e Barcelona sofrem pressão dos pequenos, que querem fatias maiores do bolo. Os dois grandes têm contratos até 2007/2008 com, respectivamente, Canal Satelite Digital ( 390 milhões) e Via Digital ( 366 milhões) e negociam por conta própria. Os demais já estão negociando conjuntamente, mas querem ganhar nos confrontos com os gigantes.
Se a Juventus já passou 7,5% de suas ações para Al-Saadi Gadaffi e aceitou jogar a Supercopa da Itália na Líbia (terra da família Gadaffi), a ascendente Triestina está para ceder 25% de suas ações ao filho de Muammar Gadaffi.
Na Inglaterra, o Chelsea teve que cancelar a excursão à China, e o Everton fechou com um parceiro da China (Kejian). Agora, vale até dançar homem com homem e mulher com mulher.

Europeus
O Real Madrid (que espera São Caetano ou Olimpia para a disputa do Mundial interclubes) fechou com a alemã Siemens IC Mobile. São 12 milhões por temporada, o maior contrato de patrocínio do gênero -antes ganhava da Teka menos de 3,5 milhões. Curioso é que a Siemens já patrocina Lazio, Olympiakos, Bordeaux e Aalborg. E co-patrocina Inter, Juventus, Milan, Bayern, Borussia Dortmund, PSG, Lyon, Ajax, Feyenoord, Liverpool, Leeds...

Neozelandeses
Os jogadores da seleção queriam 50% dos ganhos da federação. Os dirigentes ofereceram 30%. Houve acordo: 40%.

Árabes
Bruno Metsu, técnico do Senegal na Copa, teria ganho US$ 1 milhão para assumir o Al Ain (Emirados Árabes). Carlos Alberto Torres teria recusado US$ 12.500 por mês do Zamalek (Egito).

E-mail rbueno@folhasp.com.br



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