São Paulo, domingo, 28 de julho de 2002

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BERLIM-1936

Nos Jogos de Hitler, atleta desaponta

DA REPORTAGEM LOCAL

A delegação brasileira marchou no estádio de Grunewald, em Berlim, em agosto de 1936. Os resultados de Maria Lenk em Los Angeles haviam impulsionado o esporte feminino no Brasil. Agora, além dela, mais cinco brasileiras disputariam os Jogos Olímpicos.
Maria Lenk também estava diferente. Com a experiência e as marcas obtidas após sua primeira Olimpíada, chegava a Berlim como uma das favoritas -havia batido um recorde mundial em março daquele ano, não homologado por entraves burocráticos.
Mais uma vez, porém, a viagem de navio até a Alemanha prejudicou a delegação. "Não havia piscina para treinar. Cheguei a Berlim fora de forma", recorda.
O Brasil voltou sem medalhas, Lenk decepcionou -foi eliminada na semifinal dos 200 m pei- to-, mas os participantes puderam acompanhar momentos antológicos da história do esporte.
Esmerado em provar sua tese de superioridade da raça ariana, Adolf Hitler organizou uma estrutura faraônica para os Jogos.
O estádio, que tinha capacidade para 60 mil espectadores, recebeu um adendo de 50 mil lugares.
E 25 telões foram espalhados por Berlim, que se tornou a primeira Olimpíada a conhecer as imagens de televisão. Para completar, Richard Strauss compôs um hino especial para a cerimônia de abertura do evento.
O cenário parecia perfeito, mas Hitler não conseguiu realizar seu discurso na abertura dos Jogos. O führer foi proibido pelo presidente em exercício do Comitê Olímpico Internacional, Henri Baillet-Latour, de propagar suas teses racistas. Limitou-se a dizer: "Declaro abertos os Jogos de Berlim".
"Ao passar perto de Hitler, os franceses fizeram uma saudação olímpica, confundida pela platéia com o gesto característico do nazismo [braço erguido com a mão espalmada para baixo" e foram aplaudidos," conta Lenk sobre a festa de abertura. (GR)



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