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BERLIM-1936
Nos Jogos de Hitler, atleta desaponta
DA REPORTAGEM LOCAL
A delegação brasileira marchou
no estádio de Grunewald, em Berlim, em agosto de 1936. Os resultados de Maria Lenk em Los Angeles haviam impulsionado o esporte feminino no Brasil. Agora,
além dela, mais cinco brasileiras
disputariam os Jogos Olímpicos.
Maria Lenk também estava diferente. Com a experiência e as
marcas obtidas após sua primeira
Olimpíada, chegava a Berlim como uma das favoritas -havia batido um recorde mundial em
março daquele ano, não homologado por entraves burocráticos.
Mais uma vez, porém, a viagem
de navio até a Alemanha prejudicou a delegação. "Não havia piscina para treinar. Cheguei a Berlim
fora de forma", recorda.
O Brasil voltou sem medalhas,
Lenk decepcionou -foi eliminada na semifinal dos 200 m pei-
to-, mas os participantes puderam acompanhar momentos antológicos da história do esporte.
Esmerado em provar sua tese de
superioridade da raça ariana,
Adolf Hitler organizou uma estrutura faraônica para os Jogos.
O estádio, que tinha capacidade
para 60 mil espectadores, recebeu
um adendo de 50 mil lugares.
E 25 telões foram espalhados
por Berlim, que se tornou a primeira Olimpíada a conhecer as
imagens de televisão. Para completar, Richard Strauss compôs
um hino especial para a cerimônia de abertura do evento.
O cenário parecia perfeito, mas
Hitler não conseguiu realizar seu
discurso na abertura dos Jogos. O
führer foi proibido pelo presidente em exercício do Comitê Olímpico Internacional, Henri Baillet-Latour, de propagar suas teses racistas. Limitou-se a dizer: "Declaro abertos os Jogos de Berlim".
"Ao passar perto de Hitler, os
franceses fizeram uma saudação
olímpica, confundida pela platéia
com o gesto característico do nazismo [braço erguido com a mão
espalmada para baixo" e foram
aplaudidos," conta Lenk sobre a
festa de abertura.
(GR)
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