|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LOS ANGELES-1932
Sacas de café garantem pioneirismo
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem dinheiro para custear o envio dos atletas para os EUA em
1932, o presidente da Confederação Brasileira de Desportos, Renato Pacheco, embarcou 55 mil
sacas de café no Itaquicê.
O dirigente pretendia vender o
produto nas escalas da viagem, e,
assim, conseguir verba para bancar a estada dos competidores.
Pacheco precisava arcar também com um alto pedágio cobrado para a travessia de navios mercantes no Canal do Panamá .
"O Getúlio [Vargas" colocou
dois canhões na proa do Itaquicê
porque navios de guerra ficavam
isentos do pedágio. Mas não enganamos os funcionários e ficamos atracados", diz Maria Lenk.
Apesar de corresponder a 70%
das exportações brasileiras, o café
já encontrava entraves no mercado internacional -havia dois
anos que o governo queimava o
excedente para manter a cotação.
As sacas, portanto, chegaram
praticamente intactas a Los Angeles. Dos 84 atletas da delegação,
apenas 59, incluindo Maria Lenk,
conseguiram desembarcar.
Acompanhada de Orlando Silva, chefe dos atletas, Lenk ainda
tentou obter empréstimo em um
banco americano para ajudar os
seus conterrâneos. "Pedimos a
cotação da moeda brasileira e o
funcionário retrucou questionando se o Brasil ficava na África."
O alento ficou por conta da ajuda oferecida pelo ator brasileiro
Raul Roulien, que trabalhava em
Hollywood. Durante os Jogos,
além do auxílio com o idioma, ele
convidou Lenk para conhecer os
bastidores das produções locais.
"Estava tão deslumbrada com a
estrutura dos Jogos que não me
encantei com os estúdios de cinema. Hollywood não tinha a mesma estrutura da Olimpíada."
Quando a delegação retornou
ao Brasil, já estava deflagrada a
Revolução Constitucionalista. O
percurso entre Rio e São Paulo era
proibido, e Lenk precisou ficar na
casa de amigos no Rio até o término do conflito.
(GR)
Texto Anterior: Nadadora tenta estimular a 3ª idade com livro Próximo Texto: Berlim-1936: Nos Jogos de Hitler, atleta desaponta Índice
|