|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Guga ganha...Guga perde...Guga perde...
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
ENVIADO ESPECIAL A FLORIANÓPOLIS
FERNANDO ITOKAZU
ENVIADO ESPECIAL À COSTA DO SAUÍPE
Foi um bom começo. Com discurso de recuperação, física e técnica, Gustavo Kuerten abriu a
temporada 2003 em Auckland
com cinco vitórias e um título.
Mas foi apenas um bom começo.
Eliminado na segunda rodada
do Aberto da Austrália, perdeu
com o Brasil na Davis contra a
Suécia, mas chegou à semifinal
em Buenos Aires e Acapulco.
Uma melhora? Sim, parecia. Tanto que, pouco depois, estava decidindo em Indian Wells o primeiro Masters Series do ano, a série
inferior apenas ao Grand Slam. E
contra o número um de então, o
australiano Lleyton Hewitt. Era
seu melhor momento desde a cirurgia no quadril direito. Perdeu.
E caiu. Eliminado na estréia em
Miami, no quarto jogo em Barcelona, também na estréia em Roma, na terceira partida em Hamburgo. Roland Garros? Perdeu no
quarto jogo. Para completar o primeiro semestre, não passou da segunda rodada em Wimbledon.
Houve um suspiro no cimento.
Em Los Angeles, sobreviveu até a
terceira rodada. Mas foi apenas
um suspiro. Primeiro grande fiasco, foi derrotado pelo 314º do
mundo em Montréal. Em Cincinatti, pelo 30º. Em Long Island,
pelo 22º. E, finalmente em Nova
York, novo vexame, na estréia
contra o 173º, após cinco sets.
No início do mês, fez sua única
defesa de título do ano e falhou na
semifinal. Na Costa do Sauípe, no
entanto, já estava com outro discurso, bem diferente daquele do
começo da temporada, pretérito,
retrospectivo, resignado. Guga se
conforma em terminar o ano entre os 20 melhores do mundo?
Com mais de US$ 14 milhões no
bolso, namoro firme e se dizendo
"desencanado", aparentemente
sim. Mas o público, uma legião
formada do nada a partir de 1997,
quando conquistou de forma surpreendente o primeiro de seus
três títulos em Paris, não. Daí a
verdadeira avalanche de análises e
tentativas de explicação para a
temporada atípica, para o pior
ano do maior e mais premiado tenista brasileiro da história.
Guga não precisa mais do tênis?
O tênis brasileiro não espera pela
resposta e responde que ele, o esporte, precisa dele, seu melhor jogador. E de forma eloquente, desesperada, como ficou evidente
na derrota para o Canadá, no último final da semana, o adeus ao
Grupo Mundial da Davis pela primeira vez desde 1997 -ou desde
que existe um Guga em quadra.
Se para Gustavo Kuerten a era
Guga já lhe parece suficiente, o tênis, o público e o país não parecem preparados para tanto. Por
mais que seja um feito manter um
top 20 no circuito e quando não
há nenhum candidato à sucessão.
Atrás de respostas, a Folha foi a
Florianópolis e acompanhou o tenista na Bahia para desvendar o
pequeno universo do tenista.
Existem vários problemas. Na família, na relação com Larri Passos, com seu estado físico e com
seu jogo. Há poucas soluções. O
principal, no entanto, é a certeza
de que nada disso o incomoda.
Texto Anterior: Painel FC Próximo Texto: Na alegria & na TRISTEZA Índice
|