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FUTEBOL
De Taffarel a Dida
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
O goleiro brasileiro ganhou
de fato respeito internacional pelas mãos de um homem
que, por acidente, anunciou sua
aposentadoria nas últimas horas.
Taffarel não é para a maioria
dos conterrâneos o melhor de sua
posição na história de sua seleção.
Fora do país, porém, construiu
um nome que nenhum outro arqueiro nacional obteve.
Foram mais de cem jogos pelo
Italiano, o campeonato nacional
mais badalado. Disputou Copa
dos Campeões, Recopa, Copa da
Uefa e Supercopa da Europa sem
ter defendido um membro do
G14, grupo dos clubes mais poderosos da Europa. Conquistou títulos continentais que estrelas brasileiras que jogam na linha jamais sonharam. Alcançou tudo
isso quieto e desafiando o preconceito contra o goleiro nacional.
Dida venceu o tabu que imperava no Brasil desde 1950 de que goleiro negro não prestava. Mas internacionalmente só achou espaço após Taffarel quebrar a rejeição contra todos os goleiros brasileiros, negros ou brancos (enquanto o loirinho levava o futebol
turco ao seu melhor momento, a
muralha negra era subaproveitada pelo Milan, que o repassava a
Lugano e Corinthians).
Sabidamente, a "escola" argentina de defensores de metas entrou em crise nos anos 90. Mesmo
assim, limitados profissionais do
gol do país vizinho seguiram mais
prestigiados no mercado mundial
que os "brazucas". Outros sul-americanos de tradição menor no
futebol também viram seus arqueiros se destacarem pelo mundo. Para não ficar no paraguaio
Chilavert, os mesmos turcos que
amam Taffarel acolhem os dois
camisas 1 mais renomados da Colômbia: Córdoba e Mondragón.
Taffarel figurou durante quase
uma década como um guerreiro
solitário, um desbravador. Laterais, zagueiros e volantes nacionais se firmaram na Europa há
várias temporadas. Porém os goleiros, que já sofrem em qualquer
lugar por escolher uma posição
solitária e restritiva, ainda penam para arrumar espaço no Velho Continente. Um jovem talentoso como o ex-vascaíno Hélton
suou para se ajeitar na modesta
União de Leiria.
O alemão Kahn, que cometeu
uma das maiores falhas das Copas, foi eleito o melhor jogador do
último Mundial (hoje, tenta segurar com acupuntura uma séria
inflamação nos olhos que embaça
sua visão). O italiano Buffon, um
dos poucos que rivalizam com Dida na atualidade, foi apontado o
melhor da Copa dos Campeões
passada. Com o futebol cauteloso
em alta, os goleiros estão mais do
que nunca valorizados. O craque
brasileiro do Milan arrancou nota 8 da imprensa italiana por sua
atuação na rodada inaugural da
Copa dos Campeões. A defesa de
Dida no chute de Van der Vaart,
do Ajax, foi mais exibida que os
gols de Ronaldo e Roberto Carlos
contra o Olympique.
O pentacampeão Marcos namorou com o Arsenal, mas é ofuscado hoje, inclusive na seleção,
por Dida. Este pode ser o melhor
da Europa já nesta temporada,
mas, em amistoso do Brasil com a
Jamaica em Londres, e na história dos goleiros brasileiros, deverá
ficar na sombra de Taffarel.
Valdir Peres
Criticado na Copa-82, o ex-são-paulino deve virar livro na Itália.
Mazaropi e Zetti
A IFFHS dá o ex-vascaíno como o goleiro com a maior sequência
sem sofrer gol no mundo (1.816 minutos). Zetti é o 5º na lista (1.242).
Leão
Para Cruyff, a melhor defesa da história não foi a do inglês Banks em
70 contra o Brasil. Foi a do brasileiro em 74 contra a Holanda.
Andreia
A goleira do Brasil no Mundial dos EUA é uma das estrelas do torneio. Contra a Noruega, da fraca Nordby, deu show. Sai que é sua!
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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