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FUTEBOL
Contra fatos, há argumentos
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Neste ano aconteceram muitas coisas boas e ruins no
país e no futebol.
O mesmo fato pode também ser
visto de várias maneiras. Não
existe observador totalmente
neutro. Não me refiro aos parciais, que conscientemente deturpam a realidade, e sim a todas as
pessoas, que enxergam o fato de
acordo com seus conhecimentos,
conceitos, preconceitos e características psicológicas. Ainda bem.
Pior, é o pensamento único.
É sensato e justo que o Parreira
prestigie e confie nos penta campeões. Mas, adiar demais algumas mudanças, é ruim. O técnico
disse várias vezes, após amistosos
no primeiro semestre, que as observações seriam para valer nas
eliminatórias. Depois de quatro
jogos e fracas atuações, está na
hora de iniciar, aos poucos, as
mudanças.
Marcos Paquetá, único técnico
que venceu dois Mundiais no
mesmo ano (sub-20 e sub-17), merece muitos elogios. É fato. Porém
deveria ser criticado pela escalação do atacante Andrezinho no
meio-campo, na primeira fase do
mundial sub-20. O jogador do
Flamengo não tem nenhuma característica para atuar nessa posição. Além disso, havia mais três
atacantes. O time brasileiro quase
foi desclassificado. Com a entrada do armador Juninho, a seleção
melhorou bastante.
O novo governo brasileiro, ao
contrário do que muitos pensavam, conteve a inflação, diminuiu os juros, ganhou a confiança
dos investidores e deu tranquilidade ao país. Contudo, não foi
adotada nenhuma medida inovadora para aumentar a produção, mudar o modelo econômico
e distribuir riqueza, como se esperava. Enquanto muitos dos que
votaram no presidente estão descontentes, outros que eram contra
elogiam o Lula.
Zidane foi eleito, merecidamente, o melhor jogador do mundo
pela Fifa. Ele e Ronaldo são os
que mais encantam. Porém, se o
prêmio fosse dado a um dos grandes craques que mais se destacaram pela regularidade e pelo tempo presente em campo, o título seria do Roberto Carlos.
Após os títulos conquistados pelo Cruzeiro, muito se falou da ótima estrutura profissional e do
planejamento feito clube. Mas,
nada disso adiantaria se não
houvesse uma excelente comissão
técnica e, principalmente, ótimos
jogadores e um craque (Alex).
Houve pequena perda de público e de qualidade técnica no primeiro campeonato por pontos
corridos em relação ao anterior.
Porém a queda não foi por causa
da fórmula e do fim do passe, e
sim pela falta de planejamento e
péssimas condições financeiras
dos clubes.
Há muitas outras controvérsias.
Contra fatos, há argumentos.
Várias opções
Estou ansioso para saber a escalação da equipe pré-olímpica. O
goleiro Gomes é certo.
A linha de quatro defensores está praticamente definida com os
zagueiros Alex e Edu Dracena e
os laterais Maicon, do Cruzeiro, e
Maxwel, do Ajax.
Se Ricardo Gomes precisar trocar os laterais, terá de improvisar
os armadores Elano e Wendell. Os
dois atuaram nessas posições pelo
Santos e Cruzeiro e foram bem.
Mas, como um ou ambos podem
ser titulares no meio-campo, deveria ser chamado, pelo menos
um dos bons laterais da seleção
sub-20, especialmente o direito
Daniel, titular do Sevilha (Espanha).
Do meio-campo para frente, o
técnico tem várias opções. A mais
provável é aproveitar o desenho
tático e os jogadores do Santos.
Seriam três no meio-campo (Elano, Paulo Almeida e mais um) e o
Diego próximo do Robinho e de
um centroavante (Nilmar ou
Marcel). É o mesmo esquema da
seleção principal e do Cruzeiro.
Outra opção seria retirar o volante pela esquerda, recuar o Robinho para defender e avançar e
colocar mais um atacante (Dagoberto ou Daniel Carvalho), ao lado do Diego e do centroavante.
Uma terceira possibilidade seria escalar dois volantes, Diego na
ligação pelo meio, um centroavante e dois atacantes habilidosos
e velozes pelos lados (Robinho e
Dagoberto), defendendo e atacando. É um desenho tático utilizado por poucas equipes, como a
seleção da Espanha.
Se a seleção pré-olímpica jogar
de uma maneira diferente da
principal e der certo, o fato vai estimular o Parreira a criar opções.
Isso é bom.
2004
A coluna voltará a ser publicada dia 7 de janeiro. Feliz 2004.
E-mail: tostao.folha@uol.com.br
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