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FUTEBOL
O peso da camisa
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Qual é o mais rico mercado
do futebol europeu: Espanha, Inglaterra ou Itália? Se você
respondeu Alemanha, tudo bem.
No que se refere ao dinheiro gerado com patrocínio de uniformes, os clubes alemães dão um
banho nos concorrentes vizinhos.
Uma pesquisa da empresa
SPORT+MARKT registra pelo segundo ano seguido uma liderança incontestável da Bundesliga
sobre as outras ligas na aquisição
de anunciantes nas camisas.
Quase 90 milhões de euros foram injetados nos fardamentos dos clubes
alemães nesta temporada. Isso
significa 27,7% do total aplicado
nas seis ligas mais ricas da Europa. O segundo país que mais recebeu investimentos em uniformes
de times foi a Itália: 20,5% dos
320,5 milhões de euros que arrecadaram
juntos os campeonatos nacionais
de Alemanha, Espanha, França,
Holanda, Inglaterra e Itália.
Mas por que a Alemanha lidera
com boa folga essa lista? Primeiro, há o efeito Bayern de Munique, um dos mais poderosos
membros do G-14. O clube de Beckenbauer recebe sozinho 15,8
milhões de euros da empresa de comunicação T-Mobile por temporada.
Depois, alguns importantes fatores socioeconômicos pesam na
balança. A Alemanha, além da
grande população, tem a economia mais forte de seu continente.
Na temporada passada, a Alemanha já abocanhava 27,5% do
total arrecadado pelas mais fortes
ligas européias com patrocínio de
camisa. Em 2002/2003, aliás, o total recebido pelos clubes europeus, conjuntamente, era maior:
praticamente 322 milhões de euros.
A milionária Premier League,
mais turbinada com as diabruras
do magnata Roman Abramovich,
vê uma queda em seus valores.
Em 2001/2002, os contratos da
turma toda bateram nos 68 milhões de euros. Na temporada seguinte,
caíram para 63,7 milhões de euros. Agora, pararam nos 62,9 milhões de euros
(as camisas dos times ingleses foram depreciadas comercialmente
em 8% nos últimos dois anos).
A surpresa maior para muitos,
porém, é a "pobreza" da badalada liga espanhola na lista discutida aqui. Os times franceses juntos
ficaram com 13,1% do total recebido pelas ligas mais ricas (sempre é bom lembrar que o assunto é
publicidade nos uniformes). Os
espanhóis, por sua vez, levaram
apenas 9,8% desse total. Só nesta
temporada conseguiram superar
os clubes holandeses conjuntamente -9,3% do total vai para o
Ajax, o PSV e seus conterrâneos.
Na divisão de elite do futebol
alemão, os clubes ganham em
média, por temporada, 4,9 milhões de euros vendendo espaços em suas
camisas para empresas. A Série A
italiana e o Campeonato Inglês
mostram médias bem menores
que a da Bundesliga: 3,9 milhões de euros e 3,1 milhões de euros.
Apesar disso ou mesmo assim,
as ligas de Itália, Espanha e Inglaterra são as que agrupam o maior
número de craques, as que gozam
de maior prestígio etc etc etc.
Os alemães, que têm uma camisa de peso, são conhecidos pelo futebol-força, mas é a força econômica que está mesmo por trás do
futebol germânico. Ou você acha
que se ganha a eleição para organizar uma Copa tão concorrida
(como foi a de 2006) de graça?
O peso de Pelé
"Se Pelé estivesse no mercado atual, tentaríamos comprá-lo por
142 milhões de euros." A frase é de Paul Smith, diretor do Chelsea. Foi dada ao
jornal ""Evening Standard" após o dirigente do clube que mais gastou
na temporada anunciar o seu interesse em pagar 85 milhões de euros pelo
holandês Van Nistelrooy. Seria esse mesmo o valor do "Rei" hoje?
O peso do Barcelona
O clube catalão, que tem uma dívida de aproximadamente 200 milhões de euros, comemora neste final de ano a quebra do recorde histórico do seu número de sócios (108.928). A possível venda da bela camisa do
time para uma empresa ainda não foi assinada. Isso porque o preço exigido é o maior do planeta e porque grande parte dos sócios é radicalmente contra quebrar a tradição do uniforme "limpo" do time.
E-mail: rbueno@folhasp.com.br
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