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FUTEBOL
Gol de ouro
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
A morte súbita ganhou muito espaço no futebol mundial
nos últimos anos. De forma oficial, pois uma regra foi tristemente batizada com esse nome, e de
forma não-oficial, na medida em
que vários jogadores têm perdido
a vida em campo pelo planeta.
O caso de Marc-Vivien Foe chocou a todos nos últimos dias. Milhões assistiram à morte do bom
jogador camaronês ao vivo, em
um torneio oficial da Fifa, na
França, em uma semifinal...
Mas há dezenas de atletas profissionais que são vítimas fatais,
mais especialmente de problemas
cardíacos, que não aparecem na
grande mídia. O jornal norte-americano ""The New York Times", além desta Folha, abriu espaço para uma interessante pesquisa feita por cardiologistas do
Milan, da Itália, que apontou
uma tendência a problemas cardíacos em jogadores africanos.
Futebol é uma atividade física
que hoje, por várias razões, exige
um alto rendimento. Os números
de mortes na modalidade estão
longe dos que são verificados no
alpinismo ou no automobilismo,
mas são consideráveis pelo grande número de praticantes.
Maratona de jogos, doping,
partidas sob alta temperatura, estresse... Muitas teorias e muitas
bobagens estão sendo ditas agora,
quando "caiu a ficha" de que a
morte ronda o futebol. Uma reunião do Comitê Executivo da Fifa
que tinha na pauta o número de
participantes da Copa do Mundo
ficou pequena diante do ocorrido
na quinta-feira, em Lyon, na Copa das Confederações.
Foi uma fatalidade sim. Lyon
era uma segunda casa para Foe.
Sua mulher, uma mamãe recente,
estava no estádio. Os franceses
sempre tiveram carinho por ele
(seus companheiros de Lyon que
entraram em campo pouco depois da tragédia nem se fala), mas
um alerta, um sinal foi dado.
A Inter, despretensiosamente,
descobriu uma disfunção cardíaca em Kanu. Havia investido bastante no atleta e apostava em seu
sucesso até essa descoberta. Abriu
mão do nigeriano, que teve que
passar por uma cirurgia para saber se continuava com a carreira.
O homem que tirou com grande
vigor físico e saúde, na morte súbita, a medalha de ouro olímpica
do Brasil é quase tão vulnerável
quanto se mostrou Foe. Jogador
não é máquina, é humano.
Foe adorava tanto a Bíblia
quanto as suas chuteiras da sorte.
Era supersticioso e religioso
-Lens e Lyon se unirão em missa
para ele nas próximas horas.
Perdeu a chance de fazer a independência financeira de toda a
sua família em 1998 quando quebrou a perna e, por isso, não assinou contrato com o Manchester
United. A saúde também o traiu
em 2000, quando contraiu malária e demorou a se recuperar.
Atletismo era o seu esporte favorito. E a razão pela qual ele escolheu o futebol não está clara,
assim como a causa de sua morte.
A Fifa não é culpada pelo que
ocorreu com Foe nem erra em seguir com a disputa, que verá uma
final toda dedicada ao homem
que pode dar vida à Copa das
Confederações (com o nome dele,
talvez essa ganhasse fôlego e razão). Mas viu que um homem é
mais importante que um torneio.
Gol de prata
Neste fim de semana a nova regra para definir o vencedor quando há
prorrogação será colocada bastante em prática. São 21 confrontos da
Copa Intertoto (jogos de ida e volta) que poderão ser decididos no
gol de prata (se um time termina em vantagem o primeiro tempo da
prorrogação, não há segundo tempo). Na temporada 2003/04, a regra valerá em todo mata-mata da Copa da Uefa e da Copa dos Campeões. Na temporada que acabou há pouco, o regulamento só previa
gol de prata na final, apesar de a coluna de 11 de maio ter incluído
equivocadamente essa possibilidade nas quartas e nas semifinais.
Gol de lata
Quando a Fifa incumbiu a Conmebol de elaborar uma Copa decente
com 36 times já tinha a decisão: o Mundial não incharia. Que mico!
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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