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JUCA KFOURI
Reinações do ex-sogro e do ex-genro
O DNA não é o mesmo, mas é como se tivesse passado de João Havelange para Ricardo Teixeira por acaso
VEJAMOS EM que pé estamos.
E constatemos que só não
morremos afogados por milagre e, no caso, ainda pelo talento que
sobra ao jogador de futebol brasileiro, cada vez mais raro, é verdade,
ainda mais se olhamos para a Eurocopa que termina hoje com este sensacional embate entre Alemanha e
Espanha.
Mas vejamos em que pé estamos.
Eis que o senhor presidente da Casa Bandida do Futebol vai ao jornal
de maior audiência do país e convoca Ronaldinho Gaúcho para os Jogos Olímpicos de Pequim.
O que se imagina?
No mínimo, que ele combinou
com os patrões do jogador.
O que se vê, poucos dias depois?
O Barcelona anunciar que não cederá o craque, a exemplo do que decidiu em relação a Messi, embora o
brasileiro não tenha mais idade
olímpica, diferentemente do jovem
astro argentino.
O que se pode concluir daí?
De duas, uma: ou Rico Terra, irresistível o apelo para voltar a chamá-lo assim, quis apenas desmoralizar
Dunga ou é de uma profunda leviandade e gravíssima incapacidade de
articulação.
Mas como seria mau articulador o
cartola que o chefão dos cartolas,
João Havelange, e ex-sogro dele,
aponta como o próximo presidente
da Fifa, em entrevista a Rodrigo
Bueno, nesta Folha?
E que entrevista! Uma aula de
como dar corda ao enforcado.
Não é que Havelange acusa ter
havido manipulação de resultados
em duas Copas do Mundo, a saber,
as de 1966 e de 1974, na Inglaterra
e na Alemanha, ambas ganhas pelos respectivos anfitriões?
Tudo por conta do presidente da
Fifa de então, Sir Stanley Rous.
Mas, vem cá, essa coisa de manipulação no futebol não é fruto da
cabeça doentia de certos jornalistas destrutivos, de mal com a vida?
E não é que depois que Havelange assumiu a Fifa tudo correu às
mil maravilhas, na Argentina, em
1978, inclusive!? Não é um orgulho
ver um brasileiro dar aulas de decência a um súdito da rainha!?
E a modéstia dele que também fica evidenciada na entrevista, sempre eu, eu e eu, o meu jogador, o
meu jogo?
Ainda bem que ele espera viver
até 2016 para ver os Jogos Olímpicos no Rio e comemorar seus cem
anos de vida, melhor dizer, seu primeiro centenário, porque ele, de
fato, ameaça ser imortal.
E nós merecemos, sem a menor
sombra de dúvida.
GRACIAS, EUROCOPA-2008
Começou mal, pareceu querer repetir a monotonia da Copa-2006,
deu uma sensação de que os principais jogadores estavam esgotados
pela árdua temporada recém-terminada, mas, de repente, brilhou.
E brilhou intensamente, com alguns jogos, jogadas e jogadores de
fazer a reconciliação com o futebol.
Times jogando para a frente, em
busca do gol, com volantes que jogam, com pontas (sim, pontas!) que
ocupam as laterais do campo, com
o número de zagueiros que permita
defender sem ser defensivo, com
entrega, com rapidez, poucas faltas, quase nenhuma deslealdade
(três cartões vermelhos em 30 jogos!) e com gramados que convidam ao futebol bem jogado.
Brasil, país do futebol?
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