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TOSTÃO
Não está tão ruim
Nos últimos 50 anos, as grandes gerações do futebol brasileiro surgiram mais ou menos de 12 em 12 anos
NAS MINHAS caminhadas pela
cidade, quando converso
com as pessoas, com a minha
imaginação e com a minha consciência, noto grande desânimo e indignação dos torcedores com a seleção, com o futebol que se joga hoje
no Brasil e com Dunga.
Estou preocupado, mas não tão
pessimista. Nos últimos 50 anos, o
futebol brasileiro teve momentos
espetaculares, bons e ruins. Existiu
quase sempre um intervalo de mais
ou menos 12 anos entre duas excepcionais gerações. Isso tem uma lógica. Um craque costuma brilhar, no
máximo, em três Copas.
Doze anos após a espetacular geração de 1958, surgiu a de 1970, reforçada pelo Rei Pelé. Demorou
mais 12 anos para aparecer a de
1982, que não ganhou, mas encantou. Em 1994, 12 anos depois, houve
um pequeno atraso na formação de
outra excepcional geração. Apesar
do título, o Brasil não encantou, porque só havia um fenômeno (Romário) e não por causa do estilo retranqueiro de Parreira.
Se Ronaldo, Cafu, Roberto Carlos
e Rivaldo, que foram brilhantes nas
Copas de 1998 e 2002, estivessem no
Mundial de 1994 ou Romário jogasse o Mundial de 1998, as seleções de
1994 e 1998 seriam também espetaculares.
Em 2006, 12 anos depois, o Brasil
teve também uma ótima geração,
apesar do fracasso no Mundial. Era a
grande favorita na Copa. Os veteranos Roberto Carlos, Cafu e Ronaldo,
que poderiam ser ótimos reforços
para essa Copa, não estavam mais
em forma. Se Kaká e Ronaldinho
brilharem e o Brasil for campeão em
2010, os dois ficarão entre os grandes jogadores da história. Para mim,
já estão.
Nas Copas de 1966, 1974, 1978,
1986 e 1990, quando a seleção brasileira jogou mal e perdeu, foram períodos de transição entre duas excepcionais gerações.
No momento, o Brasil está pior do
que os europeus. Deve ser passageiro. Se Dunga ou outro técnico organizar um bom conjunto, Kaká e Ronaldinho jogarem o que sabem e alguns promissores jovens evoluírem,
o Brasil poderá ganhar e encantar na
próxima Copa do Mundo.
O que mais me preocupa é a formação de atletas no Brasil.
As escolinhas e as categorias de
base dos clubes se transformaram
em fábricas de jogadores para exportação. Os jovens, com ou sem talento, são colocados na mesma linha
de produção em série.
Há mercado para todos no exterior. Além disso, os "professores"
não sabem ensinar. Sofreram uma
lavagem cerebral e não mais sabem
o que é jogar um bom futebol.
Final da Eurocopa
As escolas de futebol sempre foram de países, e não de continentes. O estilo do Brasil é diferente do
da Argentina. O mesmo ocorre entre os países da Europa. Com o
tempo e a globalização, essas diferenças vão diminuir bastante.
Espanha e Alemanha são ótimos
representantes de dois estilos. O da
Espanha, mais leve, cadenciado,
habilidoso, de mais toque de bola,
parecido com o do Brasil de outras
épocas. Do outro lado, o da Alemanha, mais pesado, disciplinado e
com jogadores mais altos e fortes.
As duas seleções são ofensivas.
Não há favorito.
Por causa do estilo mais bonito,
vou torcer para a Espanha.
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