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Espanha desafia história nacional e lógica pró-rival
Melhor time da Eurocopa-08 busca, após 44 anos do único triunfo da seleção principal, bater tradicional papa-títulos
Eternos azarões, espanhóis chegam invictos à decisão e recebem rótulo de favoritos dos alemães, tricampeões mundiais e continentais
DA REPORTAGEM LOCAL
"Este time já está fazendo
história, mas queremos fazer
ainda mais". A frase do atacante
Fernando Torres explica o que
move a Espanha na final da Eurocopa-08, hoje, às 15h45 (de
Brasília), diante da Alemanha.
De um lado, a taça de melhor
do continente em 1964, filha
única na galeria de conquistas
da seleção espanhola principal.
Do outro, seis troféus de peso
-três Copas do Mundo e três
Eurocopas dos alemães.
Fazer história, no caso da Fúria, significa voltar 44 anos no
tempo, quando Marcelino anotou o tento da vitória por 2 a 1
sobre a União Soviética na final
da segunda edição da Eurocopa, no estádio Santiago Bernabéu, casa do Real Madrid.
Ainda sem saber o que é disputar uma decisão de Copa do
Mundo, a Fúria forjou seguidas
gerações de grandes promessas
que resultaram em fracassos.
O último momento marcante
da seleção principal foi em
1984, quando perdeu a final da
Euro para os franceses (2 a 0),
que jogavam o torneio em casa.
A nova geração, comandada
pelo técnico Luis Aragonés,
conseguiu se dividir em um
grupo competitivo, com boas
opções em todos os setores.
Mesmo sem o atacante David
Villa, artilheiro da competição
com quatro gols e que se machucou na semifinal contra a
Rússia, o grupo conta com peças de reposição à altura.
Tanto que Aragonés se deu
ao luxo de deixar o meia Fàbregas, titular do Arsenal, no banco de reservas durante toda a
competição. Apenas na última
rodada da primeira fase, com a
classificação já assegurada, escalou os suplentes.
Mesmo assim, o camisa 10
-que disputa a vaga de Villa
com o atacante Güiza- já marcou um tento e lidera a lista de
assistências da competição
com três passes para gols.
Invicta, a Espanha fechou a
primeira fase com três vitórias.
Depois, superou outra papa-títulos famosa, a tetracampeã
mundial Itália, nas quartas-de-final (4 a 2 nos pênaltis). Na semifinal, bateu os russos (3 a 0).
Nada parece deter a Fúria em
mais uma investida para superar o jejum de títulos. Mesmo
assim, o fantasma do fracasso
parece rondar a cabeça de muitos jogadores às vésperas da final, como o volante Xavi.
"Por vários anos, nós não ganhamos nada, enquanto a Alemanha está sempre lá lutando
por títulos. Então, eu diria que
é a favorita", afirmou.
Ainda mais quando se vê que
a frase dita pelo ex-jogador inglês Gary Lineker -"futebol é
um esporte em que jogam 11
contra 11, e no final, sempre ganha a Alemanha"- ganhou
contornos atuais com as últimas apresentações do time.
Após bater a Polônia na estréia (2 a 0), a derrota para a
Croácia (2 a 1) somada à suada
classificação obtida no 1 a 0 ante a Áustria levantaram dúvidas
quanto ao futuro do técnico
Joachim Löw no cargo.
Nos mata-matas, porém, Ballack e Schweinsteiger resgataram a máxima de Lineker contra portugueses e turcos -ambas as vitórias por 3 a 2.
Apesar da tradição pelos títulos mundiais (1954, 1974, 1990)
e continentais (1972, 1980,
1996), os alemães preferiram
jogar o rótulo do favoritismo
para o lado do oponente.
"Desde o início do torneio, os
espanhóis têm jogado em um
nível muito alto e são muito
bons tecnicamente", disse Löw.
Hoje, o mundo olhará para o
estádio Ernst Happel, em Viena, para ver a eterna promessa
contra a sempre favorita.
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