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Em ascensão, Traffic tem dez sócios no Brasileiro
Empresa possui jogadores em sete clubes da Série A e três da B e fará nova investida
Apesar de poder decidir venda de atletas, fundos têm mecanismo contratual para não ferir lei da Fifa que veta interferência nos times
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Em meio à janela européia,
os fundos de investimentos
tornaram-se um poder paralelo
nas equipes do Brasileiro-2008. Levantamento da Folha
mostra que os investidores já
têm jogadores em mais da metade dos clubes da Série A.
Em boa parte dos casos, os
fundos impõem contratos aos
clubes, pelos quais passam a ter
poder real na venda de seus
atletas. É estipulado um valor
mínimo para a negociação. Se
surgir uma oferta nesse montante, o clube tem que aceitar a
transferência ou cobrir o total.
Nem sempre os investidores
conseguem impor essa cláusula -fica mais complicado
quando são minoritários na sociedade. Mas, quando são majoritários, o mecanismo é aplicado por todos os fundos.
Entre eles, o maior é a Traffic, com percentuais em 29 jogadores espalhados por 11 clubes -são 7 na Série A, 3 na Série B e 1 na Alemanha. A maior
influência é sobre o Palmeiras
-onde tem contrato que regula
a sociedade nos atletas e possui
participação em 11 jogadores.
Na verdade, a empresa S.A.
Cedro Participações é quem
tem os direitos sobre os atletas
da Traffic. Foram investidos
R$ 40 milhões nos jogadores,
uma parte pela própria Traffic
e outra por grupos ou pessoas.
Agora, recolherão os lucros.
A empresa estrutura nova S.A.,
em que vai aumentar mais o investimento em contratações.
Segunda maior investidora, a
DIS, do dono da rede de supermercados Sonda, tem atletas
em pelo menos três clubes (Internacional, Fluminense e Santos), entre eles Thiago Neves,
que serve à seleção olímpica.
Menor, o MFD, que atua no
mercado carioca, tem direitos
sobre atletas de Botafogo e Flamengo. Com parceria no Mirassol, a Energy Sports (cujo
dono possui empresa de contêineres) também tem atletas
em sociedade com o Palmeiras.
No total, pelo menos 11 times
da Série A contam com jogadores ligados aos fundos, ou seja,
55% do total. Isso lhes dá poder
de girar atletas pelos clubes.
Pertencente à Traffic, o meia
Maicosuel trocou o Cruzeiro
pelo Palmeiras -os dois clubes
disputam posições na tabela.
Outros dois jogadores da empresa, Amaral e Anderson
Aquino, trocaram de equipe
dentro da Série A. Agora, a diretoria do Flamengo fechou a
contratação do atacante Vandinho, do Avaí. Ambos os clubes
são sócios da Traffic.
Também há influência na escalação. Por uma cláusula, a
empresa pode vetar um jogador seu de um jogo por cinco
dias se houver proposta oficial.
Pelo estatuto de transferência de jogadores da Fifa, o futebol de um clube ou as negociações de seus atletas não podem
sofrer interferência de terceiros. Também há proibição de
que terceiros tenham percentuais sobre a venda de atletas
-são permitidas comissões somente a agentes.
Para driblar esse veto, os jogadores da Traffic são ligados
ao seu clube, o Desportivo Brasil. E os contratos só prevêem a
venda se o clube não pagar toda
a proposta final -não há obrigação. Os outros fundos repetem o procedimento.
Na Inglaterra, não é reconhecido o direito de terceiros
sobre atletas. No Brasil, a Justiça admite esses contratos. Com
participação no zagueiro Breno, do Bayern e da seleção
olímpica, o Sonda garantiu o
direito de receber do São Paulo
sua parte após disputa judicial.
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