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Cruzeiro do sul
Só quarto ouro hoje inclui Brasil na festa sul-americana, que comemora sua melhor Olimpíada com recorde de títulos e pódios
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O penúltimo dia de Atenas-2004
começou com um gol de Tevez e
terminou com uma enterrada de
Scola, em uma jornada histórica
para a Argentina. Hoje o Brasil
busca a sua, o bicampeonato
olímpico contra a Itália no vôlei.
Esse olhar reducionista sobre os
Jogos, sempre dominados por potências do esporte, faz sentido. A
América do Sul colecionou motivos para celebrar, nesta noite, a
cerimônia de encerramento da
28ª Olimpíada da Era Moderna.
O continente, tradicional saco
de pancadas, viveu em Atenas
duas semanas inesquecíveis, as
melhores de sua história olímpica. Alcançou uma série de marcas
inéditas, a começar pelo número
de pódios (22) e de medalhas de
ouro (sete), até ontem.
Uma nítida evolução. Em
Sydney-2000, a América do Sul teve 19 premiações, mas só uma de
ouro, no levantamento de peso.
Nada parecido com o histórico
ouro em dobro argentino no futebol, contra o Paraguai, e no basquete, contra a Itália, os primeiros
títulos olímpicos do país em 52
anos. Ou com as vitórias do chileno Nicolás Massú nos torneios de
simples e duplas do tênis -fundador dos Jogos, presente em
Atenas-1896, o Chile nunca havia
subido ao degrau mais alto.
Em Atenas, seis países sul-americanos medalharam, um a mais
que em Sydney, outro recorde. No
varejo, outro festival de tabus superados. Vice no futebol, o Paraguai ganhou a primeira medalha.
A Venezuela, com um bronze no
levantamento de peso, foi ao pódio pela primeira vez em 20 anos.
Desde 1972, a Colômbia não ganhava mais de uma medalha
olímpica -obteve dois bronzes.
A América do Sul também passou batida pelo antidoping mais
rigoroso da história, que flagrou
africanos, europeus e asiáticos.
"Estamos conscientes de que fizemos história", disse o atacante
Carlos Tevez, ontem, falando de
sua Argentina. Mas o discurso vale para todo um continente.
Hoje é a vez do Brasil. O time de
Bernardinho tenta o segundo ouro no vôlei com dois remanescentes da conquista de Barcelona-1992 (Maurício e Giovane).
Mais que isso, carrega a responsabilidade de
conseguir o quarto título do país
na Grécia, o único modo de fazer
de Atenas a melhor Olimpíada
de sua história.
De certa maneira,
também de preservar seu peso
no continente.
Em Sydney-2000,
o Brasil respondeu por 63% do lote sul-americano de medalhas. Em Atenas, terá
41%, após o basquete e o vôlei femininos desperdiçarem ontem o
bronze. Um sucesso do vôlei daria
ao país ao menos 50% dos ouros.
Ou seja, o Brasil está na festa.
Mas precisa vencer hoje os italianos para de fato celebrar.
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