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BASQUETE
Seleção cansa diante da Rússia e completa a pior campanha desde Barcelona-92
Brasileiras perdem a mão, sofrem no garrafão e deixam o pódio olímpico
ADALBERTO LEISTER FILHO
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS
A seleção feminina de basquete
ficou fora do pódio olímpico pela
primeira vez desde os Jogos de
Barcelona-92. Ontem, a equipe do
técnico Antonio Carlos Barbosa
voltou a apresentar deficiência
nos arremessos de quadra e perdeu para a Rússia por 71 a 62 na
disputa da medalha de bronze.
Desde que conquistou a prata
em Atlanta-96, a equipe nacional
perdeu uma colocação a cada
quatro anos. Em Sydney-00, o time havia ficado em terceiro.
A vitória sobre o Brasil serviu
como vingança para a Rússia. Na
última edição dos Jogos, uma cesta de Alessandra nos segundos finais definiu a vitória das brasileiras sobre as rivais nas quartas-de-final, retirando as russas da disputa por um lugar no pódio.
Na primeira fase, o Brasil também não se esforçou para ganhar
da Austrália. O objetivo era evitar
o duelo contra os EUA antes de
uma possível final. A estratégia
obrigou as russas a pegarem as
norte-americanas na semifinal.
"Queríamos jogar contra elas só
na disputa pelo ouro. Mas, como
os resultados do grupo nos deixaram em segundo lugar, tivemos
de enfrentá-las antes", alfinetou a
armadora Ilona Korstin, referindo-se ao fato de o Brasil ter atuado
com reservas em boa parte do jogo contra a Austrália, que pôs as
russas na vice-liderança.
Ontem, a seleção nacional voltou a apresentar as mesmas deficiências da partida contra a Austrália, válida pela semifinal.
O time teve baixo aproveitamento nos tiros de quadra. Houve
26 acertos em 64 tentativas (41%).
Os arremessos de três pontos,
uma das armas do país na fase de
classificação, voltaram a não cair
-apenas 15% de acerto.
"Erramos muito e isso custou
caro. Quando a Rússia conseguiu
vantagem, não foi possível reagir", lamentou Janeth, 35, principal nome da equipe, que se despediu dos Jogos com 15 pontos.
As russas, por sua vez, erraram
bastante. Desgastadas após perderem por quatro pontos para os
EUA (66 a 62), as européias foram
ainda piores, com índice de acerto
de 34% nos arremessos.
As deficiências eram compensadas pelo bom trabalho no garrafão. Com o trunfo de contar
com a jogadora mais alta da competição, a pivô Maria Stepanova,
de 2,14 m, a equipe capturou 41
bolas embaixo da tabela. Mesmo
com Alessandra, quarta maior reboteira da competição (8,9 por
partida), o Brasil recuperou só 28.
"Não vim aqui para ser cestinha
ou reboteira. Vim para ganhar
medalha. Temos de agir como um
grupo", disse a pivô.
O confronto foi equilibrado até
o terceiro quarto, quando a Rússia obteve vantagem de um ponto
(47 a 46). Com menor revezamento, as brasileiras se cansaram na
etapa final. Janeth e Iziane atuaram por mais de 36 minutos. Barbosa colocou nove jogadoras em
quadra. Já o técnico Vadim Kapranov usou suas 12 atletas.
Só Elena Baranova jogou mais
de 30 minutos. Apesar da vitória,
a ala demonstrou insatisfação.
"Não estou feliz. Queria o primeiro lugar. O resto não é nada.
Não posso ficar satisfeita com o
bronze. Só gosto de ver meu time
como o campeão", reclamou Baranova, 32, ouro em Barcelona-92, atuando pela CEI, que reunia
países que formavam a ex-URSS.
Os lamentos da estrela russa
contrastavam com a cara de decepção das brasileiras. Adrianinha saiu da quadra em lágrimas.
"A tristeza é muito grande. É difícil avaliar o que faltou. Agora temos que levantar a cabeça e pensar que ficar entre as quatro melhores do mundo também é
bom", argumentou a armadora.
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