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CANOAGEM
Mãe de adolescentes, alemã Birgit Fischer cogita buscar façanha de ginasta russa
Dona de casa, 42 anos, brilha em Atenas e fala em Pequim
DO ENVIADO A ATENAS
A canoísta alemã Birgit Fischer,
42, tinha decidido se aposentar
três anos atrás. Achava que, depois de cinco Olimpíadas e dez
medalhas, não estaria mais competitiva. Que, divorciada, era hora
de cuidar das duas filhas adolescentes. Porém voltou atrás. Viajou para Atenas, conquistou mais
um ouro e uma prata. Tornou-se
a segunda maior medalhista da
história olímpica, com 12 pódios.
O feito lhe motivou. Não descarta ir aos Jogos de Pequim-2008. Poderia assim tornar-se a
recordista em medalhas de ouro.
O sucesso em Atenas, por pouco, não foi maior. Nos metros finais da prova K2 500 m (duas mulheres por canoa), ontem, foi ultrapassada pela dupla húngara
formada por Katalin Kovacs, 28, e
Natasa Janics, 22. Fischer (que
competiu ao lado de Carolin Leonhardt) perdeu a chance de amealhar sua nona medalha de ouro,
feito só atingido pela russa Larysa
Latynina na ginástica artística.
Mas não reclama. Ela deixa a
Olimpíada com uma vitória na K4
500 m e empatada em número de
ouros com a nadadora americana
Jenny Thompson na história (oito
cada uma). Em todos as edições
dos Jogos que disputou (Moscou-80, Seul-88, Barcelona-92, Atlanta-96, Sydney-2000 e Atenas-2004), a canoísta voltou para casa
com medalha. A alemã foi a primeira atleta a ganhar dois ouros
num intervalo de 24 anos.
"Não estou desapontada. Aos
42 anos, o que mais você pode esperar?", disse Fischer. Ela lembra
que não teve tempo para se preparar de maneira adequada. "Treinei 303 dias e ganhei um ouro e
uma prata. Nunca esperei resultado tão bom, já estava feliz só de
poder estar aqui."
Parte de suas medalhas foi conquistada quando ela competia pela antiga Alemanha Oriental
-que fazia parte do bloco que
boicotou os Jogos de Los Angeles-84. Em seu portfólio, registra ainda 27 títulos mundiais.
Ela obteve seu primeiro ouro
com 18 anos, em sua estréia olímpica. "Sempre fico feliz quando
ganho uma medalha. Você nunca
sabe se será sua última, então, ela
tem um valor especial", afirmou
ontem, sorridente. Fischer quis
transmitir que compete pelo ouro, mas não acha ruim a prata. "É
extremamente motivador."
Sobre a aposentaria, relembra
que já mudou de idéia. "Não sei se
vou estar lá, na próxima Olimpíada. A última vez eu disse para
mim mesma que, com certeza, era
a última vez. Agora eu digo: quem
sabe?", deixou no ar. "Não quero
assustar ninguém. Vou ver o que
acontece no próximo ano e só então tomar uma decisão."
"Há três anos, eu tinha decidido
não competir mais. Mas começaram a chegar pedidos de entrevistas e de fotos. Pensei que, se ainda
tinham interesse em mim, talvez
eu devesse voltar", disse ela, que
começou a atuar aos oito anos,
por influência dos pais. "Não há
estresse. É como um vício. Eu ficaria na água o tempo todo."
Ontem, disse que entrou na canoa e a única coisa que conseguiu
pensar foi: "Isso é minha vida. Vamos lá de novo".(MARCELO DIEGO)
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